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'Mandante nunca será conhecido', diz promotor do caso PC Farias

09/05/2013 - 18:00

Folha de S.Paulo:

 Quem mandou matar Paulo César Farias? Para o promotor do caso, que refuta a tese de que Suzana Marcolino matou o namorado e depois se suicidou, em 1996, esse será um mistério que jamais será resolvido.

“Nunca saberemos”, disse à Folha Marcos Mousinho. “Esse vai ser o crime típico do presidente Kennedy, dos Estados Unidos… Sempre vai se especular e especular e nunca vai se identificar o verdadeiro autor [intelectual]“, completou o promotor, referindo-se ao assassinato de John F. Kennedy, em 1963.

Ele diz que, mesmo que os quatro ex-seguranças acusados de envolvimento na morte do ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor e de Suzana sejam condenados no Fórum da Capital, em Maceió, o mandante seguirá livre -e sem previsão de ser punido.

Segundo Mousinho, não é possível nem cravar que qualquer um do quarteto tenha realizado os disparos. Eles estão sendo julgados, desde segunda-feira (6), por homicídio por omissão, a tipificação prevista no Direito Penal para quando não é possível individualizar as condutas dos réus.

Eles teriam participado nas mortes ou, no mínimo, se omitiram ao não evitá-las, já que eram os protetores de PC.

“Fica difícil para a Promotoria. A acusação está limitada à pronúncia [a decisão em que o juiz submete o acusado ao julgamento do júri]“, disse Mousinho. “Não posso ir além. Se eu abrir a boca e falar que algum deles atirou, [o julgamento] é nulo, porque a pronúncia não diz isso. Não posso ir além”, acrescentou.

Questionado se o caso, então, vai acabar morrendo desta forma, o promotor foi lacônico: “Isso só seria possível evitar com uma prova nova. Já arquivaram o inquérito e não há prova nova”.

Perita Anita Buarque de Gusmão presta esclarecimentos no Tribunal do Júri dos quatro ex-seguranças de Paulo César Farias que são acusados de envolvimento nas mortes do empresário e de sua namorada, Suzana Marcolino
O CASO

Tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor em 1989, PC Farias foi o articulador do esquema de corrupção no governo denunciado à época.

Segundo a Promotoria, a morte de PC foi investigada como “queima de arquivo”, pois ele era acusado de sonegação de impostos e enriquecimento ilícito e poderia revelar outros envolvidos.

Os PMs Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva são acusados de participação nas mortes ou, no mínimo, de omissão ao não evitá-las, já que eram seguranças de PC.

“A tese do suicídio de Suzana foi descartada pelos peritos”, disse o promotor Marcos Mousinho, em referência às primeiras conclusões da polícia, em 1996, de que Suzana havia matado PC por ciúme e, depois, se suicidado.

Investigações posteriores mostraram que o primeiro laudo, do legista Badan Palhares, considerava Suzana mais alta do que realmente era –ponto crucial para compreender o disparo. Palhares sempre defendeu seu laudo.
Em 1999, a Folha publicou fotos que comprovaram que Suzana era mais baixa que PC.

 

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