Os governos do Paraná, de Goiás e do Mato Grosso Sul decidiram retirá-lo das escolas. Estariam “protegendo” os alunos. Mas protegendo-os de quê? Da vida, por certo. Do mundo real.
Selecionado pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) — e bancado pelo Fundo Nacional de Educação Básica (FNDE) —, o romance “O Avesso da Pele” (Companhia das Letras, 192 páginas), de Jeferson Tenório, chegou às bibliotecas das escolas públicas do país. Prêmio Jabuti de 2021, trata-se de literatura de qualidade — acima da média. Nada tem a ver com pornografia ou erotismo. Pelo contrário, é uma crítica, corrosiva e bem formulada, sobre como se vê, por exemplo, a sexualidade dos negros.
Os “homens e mulheres patronos da moral” tendem, no Brasil, com as boas intenções que abarrotam o inferno, a “proteger” os alunos, notadamente os das escolas públicas — os pobres —, do contato com a vida real, com a complexidade das relações entre os seres. Mas tratar crianças e adolescentes como estúpidas é, diria Mário de Andrade, uma estupidade. Garotos amadurecem, como indivíduos — e intelectualmente —, se colocados em contato com obras literárias (e não-literárias) complexas e multifacetadas. Como é o caso de “O Avesso da Pele”.
A critica da extrema -direita e da extrema ignorância fez o tiro sair pela culatra: as vendas do romance “O Avesso da Pele” — um belo e significativo título, por sinal — cresceram 400%.
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