PT VAI ABRIR MÃO DE CANDIDATOS A PREFEITOS NAS CAPITAIS
ELEIÇÕES 2024
22/01/2024 - 17:07
Redação
Foto: Reprodução
O Partido dos Trabalhadores (PT) deve reduzir o número de candidatos a prefeitos em capitais para 16 em 2024, o menor número em 32 anos.
A decisão ocorre após um resultado pífio nas eleições de 2020, quando o partido concorreu em 21 capitais, mas não conquistou nenhuma.
Entre as capitais em que o PT não terá candidato estão três dos quatro maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
Na capital paulista, será a primeira vez que o PT não terá um nome desde a sua fundação, na década de 1980.
No Nordeste, onde o partido de Lula costuma ter uma base de apoio forte, também haverá redução. Em 2020, o partido só não disputou a prefeitura de São Luís.
Agora, estará fora em Salvador, além da capital maranhense e de Recife, cidades nas quais estará na chapa de nomes do PSB.
Em Cuiabá o PT está entre as candidaturas de Lúdio Cabral e Rosa Neide.
Lula tem feito movimentos a favor de aliados em outras capitais. No início do mês, o presidente se reuniu com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, presidente do PSD em Mato Grosso.
Depois da conversa, Fávaro confirmou que o PSD desistiu de ter candidato em Cuiabá e vai indicar a vice do candidato do PT, cujo nome não foi definido.
O PT deve lançar nomes em Maceió e Natal, e ainda discute qual será o candidato em João Pessoa e Fortaleza.
A decisão de abrir mão de candidaturas, porém, enfrenta resistências.
Em São Paulo, por exemplo, o apoio à candidatura do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), ainda que não seja ideologicamente distante do PT, sofreu rejeição do diretório municipal.
De volta ao PT, a ex-prefeita Marta Suplicy será indicada como candidata a vice na chapa de Boulos.
Candidato em 2020, o deputado Jilmar Tatto (PT-SP) é um dos que preferiam ter candidatura própria.
Apesar disso, Boulos tem relação próxima com Lula e o presidente deve se empenhar pessoalmente pela sua eleição.
Foi Lula, por exemplo, quem selou o acordo para o retorno da ex-ministra Marta Suplicy à sigla para ser a vice na chapa.
Ex-presidente do PT e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu é um dos que foram convencidos que o melhor caminho seria se aliar ao PSOL.
“Como militante e eleitor em São Paulo, votarei e farei campanha para o Boulos”, disse Dirceu.
Em Salvador, há o consenso de que o PT embarcará na candidatura do emedebista Geraldo Júnior, vice do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB).
Na quinta-feira, Lula esteve na capital baiana e levou Geraldo Junior para o palanque.
Na ocasião, o emedebista foi aclamado como “meu prefeito” pela claque que acompanhava a cerimônia oficial.
Já o candidato à reeleição, Bruno Reis, do União Brasil, não participou do evento.
No Rio, uma ala do PT apoia a candidatura do deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ) contra Eduardo Paes.
Ainda assim, a maior parte planeja embarcar com Paes.Mesmo apoiadores de Tarcísio, como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), reconhecem o favoritismo por Paes.
A decisão do PT de reduzir o número de candidatos a prefeitos em capitais é uma mudança de estratégia após um resultado pífio nas eleições de 2020.
O partido agora prefere concentrar esforços onde há chance de vitória, evitando saias-justas, como o apoio a nomes do seu próprio campo político ou ao enfrentar siglas que compõem a Esplanada dos Ministérios.
A redução de candidatos também pode ser interpretada como um sinal de que o PT está buscando uma aliança mais ampla com outros partidos, como o PSB e o PSD.
O objetivo é aumentar as chances de vitória nas eleições de 2024 e, consequentemente, fortalecer a candidatura de Lula à reeleição em 2026.
O apoio a Boulos em São Paulo e a Ducci em Curitiba são exemplos dessa tática eleitoral.
Os apoios a Boulos e a Luciano Ducci, portanto, podem ajudar o PT a conquistar prefeitos de outras siglas que serão fundamentais no esforço de reeeleição do presidente Lula em 2026.