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Enem: Prova criticada pela direita foi 86% elaborada no governo Bolsonaro

EDUCAÇÃO

09/11/2023 - 17:01

Redação

Enem: Prova criticada pela direita foi 86% elaborada no governo Bolsonaro

Foto: José Cruz / Agência Brasil

De todas as questões que caíram no primeiro dia do Enem 2023, no último domingo (5), 86% foram elaboradas durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Os dados foram apresentados pelo presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Manuel Palácios, nesta quarta (8) na Câmara dos Deputados.

Palácios foi chamado à comissão de educação da casa para falar sobre o exame, alvo de ataques de políticos de direita e da bancada ruralista. Essa é a primeira edição do Enem sob este mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A prova continua no próximo domingo (12).

Na segunda-feira (6), a Frente Parlamentar da Agropecuária publicou nota em que pede anulação de duas questões, que tratam da Amazônia e do cerrado. A nota diz que as perguntas têm viés ideológico, sem “critério científico”, e criam imagem negativa e distorcida do agronegócio.

O presidente do Inep defendeu os critérios técnicos da elaboração das provas do exame. O processo envolve a escolha de professores elaboradores por meio de edital público. O último ocorreu em 2020.

De acordo com as informações apresentadas na Câmara, 82 das 95 questões (86%) que compuseram o primeiro dia de prova foram elaboradas entre 2019 e 2021, que compreende o governo Bolsonaro.v

Na prova de linguagens, 43 das 45 foram feitas nesse período. Já na de ciências humanas, que causou maior polêmica, 39 dos 50 itens são relativos a produções entre 2019 e 2021 —os estudantes só fazem 45 questões também nessa prova, mas aparecem 50 porque ele escolhe entre as cinco perguntas de inglês ou cinco questões de espanhol no momento da inscrição. Somadas as perguntas das duas línguas, o total de questões escolhidas para a prova dá 95.

“Fazemos o possível para assegurar liberdade e independência na construção desses instrumentos [de avaliação]. A intervenção da presidência do Inep não pode acontecer. Porque, repito, professores são os responsáveis por fazer provas. E o processo de seleção desses professores é público e obedece a um conjunto de regras”, disse.

Na reunião, realizada na manhã desta quarta, parlamentares de direita insistiram que este Enem teve uma abordagem ideológica, o que Palácios rebateu. Ele havia dito, na terça (7), que as perguntas do exame não pedem que o estudante concorde com temas abordados, mas que compreenda o que os textos dizem.

Ele ressaltou, na Câmara, que “a resposta correta não depende de opinião” e tem relação com a avaliação de habilidades cognitivas. Disse ainda que os textos escolhidos pelos elaboradores são extraídos de fontes legítimas e reconhecidas pela comunidade cientifica e que a composição das equipes de elaboração é feita com critérios públicos.

Palácios também defendeu, mais uma vez, a pluralidade da prova e a normalidade de que temas do exame causem controvérsia.

“Ciências humanas lidam com problemas da sociedade, então tendem a ser mais provocadores do que outros temas”, diz. “[Há] trechos que são claramente liberais e estão presentes na prova, mas também não é questão que importe”.

 

 

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