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Hacker Walter Delgatti Neto é condenado a 20 anos de prisão por invadir celulares de autoridades

Juiz afirma que hacker invadiu celulares por dinheiro

21/08/2023 - 19:15 | Atualizada em 23/08/2023 - 09:44

Redação

A Justiça Federal condenou hoje (21) o hacker Walter Delgatti Neto a 20 anos de prisão no processo da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal em 2019. A sentença foi proferida pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília. Cabe recurso contra a decisão.

Delgatti foi preso em 2019 por suspeita de invadir contas de autoridades no Telegram, entre elas, de integrantes da força-tarefa da Lava Jato, como o ex-procurador Deltan Dallagnol.

Sentença
Além de Delgatti, também foram condenados pelas invasões de celulares: 
  • Gustavo Henrique Elias Santos: 13 anos e 9 meses
  • Thiago Eliezer Martins Santos: 18 anos e 11 meses
  • Suelen Priscila De Oliveira: 6 anos
  • Danilo Cristiano Marques: 10 anos e 5 meses

Intenção de vender
Além dos ex-procuradores da Lava Jato, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (ex-juiz da Lava Jato), o ex-ministro da Economia Paulo Guedes e conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) também tiveram mensagens acessadas ilegalmente.

Na decisão, o juiz disse que Delgatti tinha a intenção de vender as conversas hackeadas da Lava Jato por R$ 200 mil à imprensa e rebateu declarações do hacker, que, durante as investigações, declarou que violou as conversas para "combater injustiças" que teriam sido cometidas durante a operação.

"[...] reforça seu desiderato de busca financeira pela revelação destas conversas, fato este confirmado por Luiz Henrique Molição, que relatou que buscavam o melhor jornalista (da Veja ou Folha de São Paulo) para comprar o material hackeado e que fulmina a alegação de Walter de que agiu de forma altruísta e buscando reparar uma injustiça, chegando inclusive a propor o valor de 200 (duzentos) mil reais para o repasse deste material. Há o relato de Luiz Henrique Molição de que propôs a venda de material (que continha informações privilegiadas) em bolsa de valores. Tanto é verdade esta afirmação de Walter, pois inúmeras autoridades foram hackeadas e não só agentes públicos da Lavajato. Se o intuito, realmente fosse somente o de reparar injustiças, não teria hackeado o Ministro de Estado da Economia Paulo Guedes e Conselheiros do CNMP. A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões".

"Só após perceber a resistência de jornalistas a pagarem para ter acesso a este material é que houve um esfriamento inicial no ânimo de Walter de obter numerário pela troca do material", escreveu o juiz.

Além da participação no hackeamento de autoridades, a sentença diz que Walter Delgatti obtinha dados bancários de diversas vítimas e comercializava as informações obtidas em chats especializados em crimes.

"Para melhor compreensão das técnicas de fraudes empreendidas por Walter, houve a degravação de um diálogo em que Walter se apresenta como responsável pela área técnica e segurança de uma instituição financeira e orienta um cliente de entidade bancária a realizar uma atualização em seu computador de forma a instaurar um programa malicioso", concluiu o juiz. 

O juiz afirmou que é "inequívoca" a posição de Walter como "líder da organização criminosa".

"Utilizando-se de facilidades que cada um dos denunciados poderia lhe proporcionar, situação que contribuiu para o sucesso da atividade criminosa", completou o magistrado.

Consequências da vaza jato
As mensagens obtidas ilegalmente de membros da força-tarefa da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro, sob suspeita de terem sido, em parte, adulteradas, resultaram na anulação da condenação de Lula da Silva, o que lhe permitiu disputar as eleições e ser reeleito Presidente. Em efeito cascata, diversas condenações de outros réus aliados de Lula foram anuladas.  

Prisão
No início deste mês, Delgatti foi preso pela Polícia Federal (PF) em função de outra investigação, a invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os policiais investigam se o ato foi promovido por Delgatti a mando da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). De acordo com as investigações, o hacker teria emitido falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. (Com informações da Agência Brasil)
 

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