Não é de hoje que os produtores e os caminhoneiros enfrentam o horror dos gargalos para escoar a produção do estado de Mato Grosso. Estamos assistindo a um show de horror que tem como protagonista as estradas, que são a principal via de entrada e saída de mercadorias. Não é um espetáculo novo. Ao contrário, está mais uma vez em cartaz nessa época, quando colhem as maiores safras.

Com uma safra recorde de grãos de 184 milhões de toneladas, converteu-se numa tragédia logística. Mas a supersafra pode virar piada, com o fiasco no escoamento da soja, a falta de infraestrutura que drena bilhões de dólares da economia brasileira.

Mas uma pequena parcela de produtores consegue escapar desse vexame e dos prejuízos decorrentes. Estocam  sua safra de forma planejada, como é o caso da familia Gatto, produtora de soja e milho em Canarana, no leste de Mato Grosso. Elas estão investindo na construção de armazéns, onde estocará 70% do que a fazenda colherá no ano.

Apenas 16% das fazendas no país têm armazéns. Nos Estados Unidos, o índice é de 65%. Por causa da falta de silos, os grãos precisam ser embarcados logo após a colheira, os caminhões levam nove dias para percorrer uma distância de 2.200 quilômetros. Pelo jeito, a última coisa que os políticos estão pensando é em melhorar os transportes.