A invasão de caminhoneiros a Brasília no dia 8 de janeiro foi a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Quem fez essa afirmação foi a mulher do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, Gabriela Cid. A Polícia Federal encontrou a fala em uma troca de mensagens com a filha do ex-comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, Ticiana Villas Bôas.

Na última sexta-feira, 16, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais, suspendeu o sigilo do relatório da Polícia Federal que detalha o conteúdo encontrado nos celulares do casal Gabriela e Mauro, que foi preso em maio.

A conversa tem inicío do dia 2 de novembro de 2002, pouco menos de dois meses antes da posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No aplicativo de mensagens, Gabriela e Ticiana comentam sobre a insatisfação com o resultado das eleições. Para a mulher de Cid, seria preciso “exigir novas eleições c voto impresso” (o internetês utilizado pelas interlocutoras será reproduzido nesta reportagem).

Gabriela continua e analisa que “estamos diante de um momento tenso onde temos q pressionar o congresso. Agora!!!!!!!!.” Ticiana concorda com Gabriela e diz que é “ou isso ou a queda do moraes”. E a segunda devolve: “Esse homem tem que cair. Ele q está estragando o país. O resto é tudo remediável”.
Mais à frente na conversa, a filha do ex-comandante do Exército opina que o o Exército “tinha que mandar alguém falar com os cabeças dos caminhoneiros e dizer quais tem que ser a reivindicação deles”. Gabirela concorda: “Estão falando em intervenção federal. Mas tem q ser impeachment, novas eleições com voto impresso”.

Ticiana é mais pessimista: “isso não vai acontecer” porque “ate segunda ordem a coisa foi democrática”. E completou dizendo que “as consequencias de um 142 são muito ruins”, destacou, referindo-se ao artigo da Constituição Federal que estabelece as funções das Forças Armadas, geralmente interpretado por golpistas – de forma equivocada – como autorizador de uma intervenção militar.

Gabriela sugere, então, que os manifestantes bolsonaristas deveriam permanecer nas ruas “até algo ser resolvido”. A filha do general diz que alguém precisava articular isso com os golpistas. E decreta: “tem que vir dos caminhoneiros”. E a mulher de Cid completa: “Os caminhoneiros tem q ser orientados”.
“Alguém tinha que falar com eles”, respondeu Ticiana. “Sim! Foi o que pediu o presidente [Bolsonaro]. E acho que todos que podem tem q vir pra Bsb. Invadir Brasília como no 7 de set e dessa vez o presidente c essa força agirá”, revelou Gabriela.





O fim dessa história todo mundo já conhece. No dia 8 de janeiro, durante os atos golpistas, centenas de bolsonaristas insatisfeitos com o resultado das eleições invadiram e vandalizara as sedes dos Três Poderes em Brasília. O pedido era a anulação da eleição e a intervenção militar.

Leia abaixo o relatório da Polícia Federal na íntegra:

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