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Coronavírus não é enfrentamento entre esquerda e direita

26/03/2020 - 08:39 | Atualizada em 26/03/2020 - 08:40

Cesar Silvestri Filho

Com todo respeito aos que pensam diferente, essa pandemia não é um enfrentamento ideológico entre esquerda e direita.

Daqui a pouco, vão querer carimbar os que defendem medidas de prevenção mais rigorosas de comunistas manipulados pela mídia, e os que querem manter a economia rodando de fascistas que não tem apreço pela vida.

Isso seria reduzir a importância desse momento a uma mediocridade e insignificância absurdas. Estamos diante de um fato de impacto global sem precedentes. O mundo todo está, ao mesmo tempo, aprendendo a lidar com essa pandemia: na base da tentativa e do erro. Observando o que deu certo em alguns lugares e, principalmente, evitando o que deu errado, seguimos juntos na redução da velocidade de propagação do vírus.

Diante desse ambiente, cautela e prevenção são as únicas decisões sensatas neste momento. Cada governante sabe o tamanho da sua infraestrutura hospitalar. Sabe o quanto 10% de pacientes em estado crônico representam para o sistema. Eu adoraria acreditar naqueles que dizem que é tudo uma bobagem e deveria continuar tudo ao normal. Seria mais simples e economicamente melhor para todos os lados.

No entanto, a maioria dos especialistas e a experiência internacional contrariam com veemência essa orientação. Há quem se justifique dizendo que o clima do Brasil é completamente diferente da Itália. Quem vive no Sul do Brasil e conhece nosso inverno, especialmente aqui em Guarapuava, sabe que não é verdade. Toda mãe sabe como ficam nossos hospitais nesse período, apenas citando as doenças respiratórias mais comuns.

Há ainda quem afirme que a Itália é muito diferente do Brasil porque a nossa densidade populacional seria bem mais baixa. Como o cálculo da densidade inclui a região amazônica, reservas indígena, etc., é claro que é mais baixa. Mas o Sul e o Sudeste concentram mais de 70% da população brasileira e a sua densidade se equipara aos países europeus.

Diante de tudo isso, faço um apelo: vamos ter bom-senso e equilíbrio. Não há bem maior em jogo que a saúde e a vida. Qualquer erro de análise ou de decisão pode ser uma tragédia. Mais do que nunca, é hora de confiar nas autoridades sanitárias, no trabalho dos especialistas e no compromisso dos gestores responsáveis.
Se cada um der a sua cota de cooperações e sacrifícios individuais, passaremos por isso juntos e rápido. Queremos seguir nossas VIDAS com normalidade o mais rápido possível. Ao lado dos nossos pais e avós, que não são meras estatísticas!

 

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