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Silval pagou propina de mais de R$ 5 mi a Júlio e Dilceu, adversário a vice em 2010

30/08/2017 - 09:58 | Atualizada em 30/08/2017 - 10:03

Carlos Palmeira e Eduarda Fernandes do site RDNews

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) afirma que pagou cerca de R$ 5,5 milhões em propina, em 2010, para o partido Democratas e para o ex-deputado Dilceu Dal Bosco - que à época era filiado ao DEM e candidato a vice-governador na chapa de Wilson Santos (PSDB), adversário do peemedebista. A negociação para o repasse teria sido feita com ex-senador Júlio Campos (DEM). Desse total, R$ 1,5 milhão teria sido destinado à Dilceu, para que ele “permanecesse omisso na reta final da campanha”.

As informações constam na delação premiada feita pelo peemedebista junto à Procuradoria-Geral da República (PGR). A colaboração já foi homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na última sexta (25), o ministro determinou a retirada do sigilo do depoimento e autorizou a abertura de um inquérito para apurar os crimes.

Silval conta que os “retornos” - um eufemismo para propina - à chapa adversária foram pagos pela Encomind Engenharia Comércio e Indústria. A empresa foi a escolhida porque tinha débitos a receber do governo estadual. Os valores eram inflacionados e retornavam para agentes políticos em forma de propina.

Conforme o ex-governador, só a propina da Encomind repassada para a campanha de candidatos a deputados estaduais e federais do DEM, em 2010, chegou R$ 4 milhões, dos R$ 5,5 milhões.

Esquema

Sobre o esquema todo, Silval contextualiza que o governo Blairo Maggi (PP), seu antecessor, deixou dívidas de diversas finalidades. Uma parte dos débitos era proveniente do Departamento de Viações e Obras Públicas (DVOP), atual secretaria estadual de Infraestrutura (Sinfra).

O ex-governador cita que em determinado momento, em março de 2010, após assumir o governo depois que Blairo decidiu renunciar para concorrer ao Senado, ele foi procurado pelo ex-secretário Éder Moraes que lhe explicou que a gestão anterior estava realizando a quitação de precatórios com a empresa Encomind e que parte do valor recebido pelo empreendimento retornava ao próprio governo a título de propina.

O acordo era que 40% do valor recebido pela Encomind retornaria para o governo. Silval diz que conhecendo esse esquema, pediu para Éder, um pouco antes da campanha, onde concorreu e foi reeleito, que marcasse uma reunião com representantes da empresa.

Nesse encontro, o delator pediu para que a construtora continuasse realizando os pagamentos dos 'retornos' e também o ajudasse com dívidas de campanha. Os empresários aceitaram a ideia, mas pediram que os pagamentos do precatório fossem quitados ainda em 2010.

Nesta linha, já se aproximando as eleições, Silval repassou – para além da chapa adversária – cerca de R$ 8 milhões para o Partido Progressista a título de “caixa 2”. Em contrapartida, o PP iria compor a Coligação 'Mato Grosso em Primeiro Lugar', que tinha Silval como candidato ao governo. Esses acordos foram fechados junto aos deputados Pedro Henry e José Riva, segundo o ex-governador. 

Mais um montante de aproximadamente R$ 1,5 milhão da propina paga pela Encomind foi encaminhada para a coligação denominada “Frentinha”, que era composta pelos partidos PTC, PTN e outros. Em contrapartida, a Frentinha integraria a coligação liderada pela candidatura de Silval. A Frentinha era coordenada por Baltazar Morelli Ulrich, que teria sido responsável por combinar o apoio e o pagamento. Silval diz que Baltazar não sabia da origem dos valores, mas sabia que era caixa 2 porque o repasse não foi declarado.

Silval pontua que o Estado pagou entre abril e dezembro de 2010 um montante de R$ 80 milhões para a Encomind - delação

Por último, o peemedebista afirma que, com o dinheiro da Encomind, também pagou gráficas (Print, Milenium e Atalaia), institutos de pesquisa, tais como o Ibope, Instituto Gazeta Dados, além de outros serviços, como marketing pessoal.

Na somatória final, Silval pontua que o Estado pagou entre abril e dezembro de 2010 um montante de R$ 80 milhões para a Encomind e que o retorno em propina da empresa girou em torno dos R$ 32 milhões. 

Outro lado

Ao , o ex-deputado Dilceu Dal Bosco afirma que não estava sabendo que o nome havia sido citado na delação de Silval e que prefere tomar conhecimento do teor da acusação para depois se posicionar sobre o fato. 

As chamadas feitas para Júlio Campos foram encaminhadas para a caixa postal. A defesa de Riva, patrocinada pelo advogado Mário Sá, diz que até o momento o ex-parlamentar não demonstrou interesse em se manifestar sobre a delação de Silval.

Por telefone, Baltazar declara que este “é assunto antigo”, investigado pela PF, e que não tem interesse em se manifestar. Pedro Henry informa que precisa ter acesso ao conteúdo da delação para poder se manifestar.

 

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