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Erundina mostra que ainda há políticos com vergonha na cara

20/06/2012 - 06:39

Ricardo Setti *

Amigos, não compartilho da ideologia da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), ex-prefeita de São Paulo pelo PT (1989-1993), e da maior parte de suas propostas.

Mas sempre a respeitei pela extrema correção e dignidade, pela modéstia de sua vida pessoal e por sua coerência política.

Um episódio me ficou especialmente gravado.

Quando caiu a Presidência podre de Fernando Collor, em setembro de 1992, e o vice Itamar Franco assumiu interinamente (o faria de forma efetiva em dezembro), a esmagadora maioria das forças políticas entendeu que deveria apoiá-lo, numa espécie de governo de união nacional, para tentar restaurar as instituições deixadas em frangalhos pelo desastre collorido.

Convidada pelo presidente Itamar, a então petista Luiza Erundina aceitou ser ministra da Administração.

O PT resolveu “suspendê-la” do partido por um ano, como punição por não ter consultado antes seu Politburo — que, naturalmente, não apenas não prestou o menor apoio ao incipiente governo Itamar como não tardaria em lhe fazer feroz oposição.

Quem não se recorda de que o próprio Lula, num desabafo que um jornalista teve a dignidade de publicar, chegou a chamar o presidente de “filho da p…”?

“Suspensa” pelo partido, Erundina imediatamente agiu como pessoas de bem o fariam: preferiu ajudar a acalmar as águas do país naquele momento, emprestando sua colaboração ao governo multipartidário de Itamar. E deixou ela o PT, do qual, por sinal, determinadas correntes já lhe haviam criado casos intermináveis, tornando sua vida um inferno durante a gestão como prefeita — apoiando greves selvagens do funcionalismo, dinamitando tímidas iniciativas de aproximação com a iniciativa privada (como o acordo com a Shell sobre o Autódromo de Interlagos)… e por aí vai.

Agora, com o episódio da foto em que Lula, ninguém menos do que Lula, se derrama em sorrisos diante de um também sorridente Paulo Maluf, na mansão deste em São Paulo, a que acorreu para agradecer o apoio malufista a seu candidato à Prefeitura, a deputada, do alto de seus venerandos 77 anos, disse “basta”, “é demais para mim” — e, acertadamente, pulou fora da chapa do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, de quem seria candidata a vice. (* Veja)

 

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