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Notícias | Brasil

Sem projetos, obras não engrenam

18/06/2012 - 09:34

Anderson Gonçalves

A pouco mais de dois anos para o pontapé inicial da Copa do Mundo no Brasil, a incerteza não atinge apenas a preparação dos estádios que vão abrigar as partidas ou o desempenho da seleção brasileira comandada por Mano Menezes. Fora dos gramados, há uma estrutura necessária para comportar o maior evento esportivo do planeta que permanece, em grande parte, impalpável. Considerada uma das principais demandas para 2014, a reestruturação dos aeroportos nas cidades-sede ainda está no papel na maioria delas. Em alguns casos, o atraso nas obras começa nos projetos, que avançam a passos lentos e fora do cronograma.

Segundo o último relatório das obras da Copa de 2014, divulgado pelo Ministério dos Esportes em maio, dos 13 aeroportos que vêm sendo preparados, oito ainda estão na fase de elaboração dos projetos. De um total de dez obras, apenas quatro tiveram concluídos seus projetos básicos, aqueles que contêm apenas os elementos necessários para dimensionar sua execução. Depois disso, é necessária a elaboração dos projetos executivos, nos quais se apresenta o detalhamento da obra. Até março, nenhum dos aeroportos estava com esses projetos finalizados.

A ampliação do terminal de passageiros e a reestruturação do sistema viário do Aeroporto Afonso Pena, na Grande Curitiba, ainda aguardam os dois projetos. Enquanto o plano básico deveria ter sido concluído em maio, o projeto executivo está previsto para novembro. A principal razão da demora está na licitação da empresa responsável por fiscalizar o serviço. Como a primeira concorrência foi revogada, foram necessários mais dois meses até que se definisse a titular dos trabalhos. Por enquanto, no terminal são executadas as obras de ampliação da pista e do pátio de aeronaves.

O edital de licitação para contratação da empresa responsável pelos projetos foi lançado em dezembro de 2010, com a abertura do processo em janeiro de 2011. Pelo contrato, a empresa teria 15 meses para concluir os trabalhos – 12 para execução dos serviços e três para possíveis ajustes. Se o contrato tivesse sido assinado no início de 2011, as obras já poderiam ter sido iniciadas. Procurada, a Infraero informou apenas que tais atrasos não devem comprometer o cronograma das obras.

Reestruturação

O presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Jaime Sunye Neto, ressalta que obras de infraestrutura mais complexas, como as que envolvem os aeroportos, demandam um tempo maior para elaboração dos projetos. Ainda assim, ele estima que três meses seria um prazo suficiente para conclusão do projeto básico. “O problema é que há muito tempo não se faz esse tipo de obra no Brasil. As empresas estavam desmobilizadas, tinham de se reestruturar para conseguir dar conta do trabalho”, avalia.

Para o professor Eduar­do Leal Medeiros Neto, do De­partamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a demora na execução dos projetos reflete a incapacidade do poder público em fazer frente à demanda dos aeroportos brasileiros. “A demanda nos aeroportos explodiu nos últimos anos sem que a Infraero se preparasse para isso. O que vemos agora são projetos feitos em cima da hora, com licitações duvidosas e uma série de problemas que vão se arrastando”, critica.

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De que forma a população poderia estar mais envolvida com as obras para a Copa de 2014 e cobrar mais agilidade do poder público?

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