Por que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sai em defesa de aliados suspeitos de envolvimento com o chamado “escândalo da merenda”, e a presidente Dilma Rousseff não sai em defesa de Lula, investigado pela Lava-Jato e pelo Ministério Público de São Paulo?

Alckmin acredita, de fato, na inocência dos seus aliados e Dilma duvida da inocência de Lula? Ou Alckmin é um imprudente, e Dilma não? Dado ao cargo que ocupa, Dilma é a figura política mais importante do país. Mas logo depois dela vem Alckmin, governador do Estado mais rico.

Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, esteve com Alckmin e jurou ser inocente no caso do desvio de recursos públicos destinados à merenda escolar. Uma vez terminado o encontro, Alckmin fez questão defender seu correligionário.

Dilma viajou a São Paulo para se reunir com Lula. Seu gesto foi precedido de uma entrevista do ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, que fez uma defesa enfática da presidente, negando a existência de Caixa 2 na campanha do ano passado. Aproveitou para também defender Lula.

Mas Dilma nada disse. Entrou muda no encontro com Lula e saiu calada. Segundo assessores, nem Lula pediu para que ela o defendesse, nem ela se ofereceu para defendê-lo. Dilma deve achar, e até com razão, que tem problemas demais para dar-se ao luxo de arranjar mais um.

Talvez não entenda que apenas políticos e formadores de opiniões, quando querem, distinguem entre ela e Lula. Para os demais, Dilma foi uma invenção de Lula que não deu certo. Ela jamais teria sido eleita se não tivesse sido apresentada como “a mulher de Lula”.

Se ele sangra, dificilmente Dilma não sangrará. Se ele acabar destruído por seus próprios erros, e pelos erros do PT, sobrará para a presidente. Ou Lula escapa dos fantasmas que o atormentam ou arrastará Dilma com ele para o buraco. Dilma não é nada. Lula já foi tudo.