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Notícias | Brasil

Leucemia mieloide: de fatal a crônica

30/12/2013 - 11:32

Redação

 As pesquisas da área médica trazem muitos avanços que melhoram efetivamente a qualidade de vida dos pacientes. Em um caso específico, os cientistas conseguiram fazer com que uma doença fatal se tornasse crônica, proporcionando aos pacientes não apenas mais tempo de vida, mas a possibilidade de viverem bem apesar da doença. 

Há cerca de 20 anos, a leucemia mieloide crônica era uma doença fatal e o diagnóstico, quando feito na fase inicial da doença, indicava que aquele indivíduo teria no máximo dez anos de vida e que perderia qualidade de vida, dia após dia até a morte. Com o desenvolvimento de medicamentos especiais, os pacientes com esta doença passaram a ter novamente uma vida mais longa e estável. Além disso, a descoberta da terapia alvo abriu portas para inúmeras pesquisas de remédios que poderão um dia dar mais tempo de vida com qualidade a inúmeros pacientes com outros tipos de câncer. 

A leucemia mieloide crônica é um câncer que acomete as células sanguíneas. Uma desordem na medula óssea aumenta progressiva e descontroladamente o número de células brancas (leucócitos). "O organismo vai produzindo um tumor líquido que se prolifera intensamente", explica a médica hematologista e pesquisadora chefe do HemoRio, Carla Boquimpani. Segundo ela, o que leva ao desenvolvimento da doença é uma alteração genética que envolve dois cromossomos. 

A doença que atinge mais de oito mil brasileiros é assintomática entre 20% e 50% dos pacientes, e nestes casos a descoberta acontece quando são realizados hemogramas de rotina. As pessoas que costumam fazer este exame anualmente geralmente descobrem problema de forma precoce. Quando sintomáticas, a médica afirma que as pessoas apresentam cansaço, mal-estar, emagrecimento, suor, desconforto abdominal, aumento do baço, sangramento e anemia. "Nos casos mais graves há envolvimento extramedular e a doença se transforma em leucemia mieloide aguda, que pode ser fatal", aponta. Mesmo com os novos medicamentos, este risco ainda existe. 

Os medicamentos mais antigos tinham como objetivo destruir os leucócitos em excesso no sangue, mas não conseguiam fazer com que o organismo parasse de produzir estas células em grande quantidade. Por este motivo, há algumas décadas, quando diagnosticada a leucemia mieloide crônica, o paciente tinha uma sobrevida de cinco a sete anos. Já quando era identificada na fase acelerada da doença, o tempo de vida do indivíduo era estendido para no máximo dois anos. E diante de uma crise blástica (a forma aguda da doença), sabia-se que o paciente teria entre seis e a 12 meses de vida. 

Atualmente, com os medicamentos que foram desenvolvidos, foi possível interromper a progressão da doença e o paciente em tratamento passou a ter uma vida normal. "Com este medicamento, a chance de sobrevida do paciente sobe para 95%", garante a médica. As novas drogas são capazes de destruir o cromossomo modificado e a proteína responsável pela multiplicação das células. 

A médica hematologista e pesquisadora do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Ilana Zalcberg, explica que atualmente há três tipos de medicamentos que podem ser usados e que o transplante de medula óssea também é uma opção indicada para alguns pacientes. Os resultados alcançados pelos medicamentos mais modernos são tão positivos que alguns estudos realizados em outros países apontaram que a suspensão do medicamento, num determinado ponto do tratamento, possibilita que os pacientes continuem vivendo normalmente sem o reaparecimento da leucemia. "Esta nova modalidade terapêutica implica na existência de novos parâmetros que sejam capazes de avaliar o sucesso do tratamento. Existem diferentes categorias de respostas hematológicas e citogenéticas que indicam marcadores precoces que refletem no resultado da sobrevida do paciente e da progressão da doença", afirma. 
 

Serviço 

Mais informações no site da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia http://www.abrale.org.br/
 

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