20/12/2013 - 07:13
Mário Cesar Carvalho
Dois ex-executivos de alto escalão da Siemens disseram à Polícia Federal que a conta suspeita aberta em 2003 em Luxemburgo, um paraíso fiscal na Europa, era de conhecimento da matriz alemã. A Siemens alemã alega que só teve conhecimento dessa conta em 2008, durante uma investigação sobre supostas irregularidades em seus negócios pelo mundo.
Os executivos que disseram que não havia como a matriz não conhecer uma conta pela qual passaram 7 milhões de euros são José de Mattos Junior e Raul de Mello Freitas.
A multinacional acusa o ex-presidente da filial brasileira, Adilson Primo, de ter usado a conta para desviar 7 milhões de euros (o equivalente hoje a R$ 22,5 milhões) da empresa. Primo foi demitido em 2011 por justa causa. A empresa diz que houve quebra de confiança porque ele escondeu a conta da matriz alemã.
Freitas foi diretor da Siemens entre 2001 e 2011, quando foi afastado. Sua demissão não foi por justa causa, apesar de ele ter sido um dos quatro titulares dessa conta. Mattos Junior foi gerente de auditoria interna entre 2001 e 2006, quando se aposentou. Ele foi também um dos beneficiários da conta.
A conta no banco Itaú em Luxemburgo foi aberta por ordem de um alemão, Jürgen Brunowsky, que veio para o Brasil para ser diretor administrativo-financeiro da filial brasileira da Siemens, segundo Mattos Junior.
Segundo o depoente, o executivo era ‘representante da matriz alemã, para atuar com independência e fiscalizar a administração brasileira‘. Freitas disse à PF que ‘a administração da conta era feita pela pessoa nomeada pela matriz e com poderes para tanto, motivo pelo qual não acredita que fosse uma conta clandestina‘‘.
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