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Notícias | Legislativo

Turma de Mauro Mendes organiza golpe do vídeo e arrebenta com João Emanuel

09/12/2013 - 11:50

Centro-Oeste Popular

 O vereador João Emanuel Lima (PSD) está sendo transformado na nova Geni da política e da mídia matogrossense. É que ele caiu em uma esparrela que teria sido planejada pelo prefeito Mauro Mendes (PSB) e mergulhou em um processo de desgaste para o qual, aparentemente, ele não  havia se preparado.. A evidência é que se trata de um novo e ousado lance em meio aos embates que vem sendo travados entre a Câmara Municipal e a Prefeitura, em Cuiabá, desde o início deste ano de 2013. 

A crise instalada na Câmara Municipal, como resultado da ardilosa intervenção do Executivo nos negócios do Legislativo, vem aprofundar o descrédito da população com relação aos vereadores - uma situação que só favorece ao governo comandado por Mauro Mendes. O prefeito se aproveita da situação de caos no Legislativo para colocar o conjunto dos parlamentares praticamente de joelhos diante do poderio que vai concentrando em suas mãos e que pode ser maior, a partir de 2014, quando planeja fazer governador o atual senador Pedro Taques (PTB), para atuar como mais uma marionete de sua política.

O fato é que João Emanuel já teve que renunciar à presidência da Câmara dos Vereadores, pode ter seu mandato cassado nas próximas horas – com os pedidos de cassação já se acumulando na Casa, a começar pela representação da Ong Moral, protocolada na terça-feira (3) – e pode também vir a ser preso, a pedido do Ministério Público, sob a acusação  de que teria praticado os crimes de extorsão, grilagem de terra, ameaça e desvio de dinheiro público.  A situação de João Emanuel é tão ruim que até seu sogro, o deputado estadual José Riva, já lamentou o seu descuido ao lidar com as armadilhas de seus adversários.

Neste novo ataque contra João Emanuel - que já recebera três sentenças desfavoráveis no Tribunal de Justiça, antes de renunciar à Presidência da Câmara -, a principal peça de acusação é um vídeo gravado de forma clandestina e resultado de ardilosa montagem, toda ela planejada e conduzida, pelo que apurou a imprensa cuiabana, a partir do gabinete do prefeito Mauro Mendes.

A gravação clandestina foi assumida publicamente por um dos seus orientadores, o advogado José Antônio Rosa que, conforme já registrou o jornal Folha do Estado, em reportagem de novembro de 2012, pode ser também apresentado como um especialista em grilagem de terras.

Rosa, que já pertenceu ao grupo político do tucano Wilson Santos mas desde a eleição de 2012 se rendeu aos encantos financeiros de Mauro Mendes, trocando o PSDB pelo PSB, foi o “diretor técnico” que orientou a empresária Ruth Hércia a fazer uma gravação oculta em que apresenta, supostamente, o vereador João Emanuel explicando como fraudar um processo licitatório dentro da Câmara. 

Além do advogado José Rosa, o policial civil, Wilton Brandi Hohlenwerger, que integra a guarda pessoal do prefeito Mauro Mendes, também já foi identificado como outro planejador das filmagens que acabaram por expor João Emanuel diante de toda a população. 

Uma cópia de toda esta armação, assim que foi concluída, foi então encaminhada ao gabinete do procurador-geral de Justiça, Paulo Prado, por ninguém menos que o secretário de Gestão da Prefeitura de Cuiabá, o empresário Pascoal Santullo Neto, que já foi sócio de Mauro Mendes em diversos empreendimentos e também em diversas empreitadas semelhantes, originando toda a situação de constrangimento a que vem sendo submetido o vereador João Emanuel, nestes últimos dias.

Em declarações ao Ministério Público, Ruth Hércia contou que entrara em contato com José Antônio Rosa após dois terrenos de sua propriedade, no bairro Areão, na capital, terem suas escrituras pretensamente falsificadas, o que ainda não está provado pela Justiça. Foi então que Zé Rosa, com toda a experiência que acumulou servindo aos mais diversos grupos políticos, a teria aconselhado a marcar uma reunião com João Emanuel para reunir provas contra o genro de Riva, que seria responsável pela adulteração da escritura.

Hércia foi orientada a marcar uma reunião e atrair João Emanuel para o alçapão montado pelo Comitê da Maldade. A reunião foi marcada para acontecer na gráfica Neox, onde as câmeras, provavelmente encomendadas à produtora de vídeo do marqueteiro do PSB, Antero Paes de Barros, certamente já estavam instaladas. 

Atacado por todos os lados, o vereador e presidente afastado da Câmara de Cuiabá, João Emanuel (PSD) alega que, depois de conferir todos os depoimentos arrolados no inquérito do MP contra ele, notadamente seu próprio depoimento apresentado em vídeo, pode constatar que se trata, sem sombra de dúvida, “de uma armação política, articulada pelo grupo do prefeito Mauro Mendes (PSB)”.

João Emanuel conta que a ousadia da trama fica muito evidente para quem lê o depoimento do policial civil Wilton Brandi Hohlenwerger Júnior - que atua no setor de inteligência do Palácio Alencastro.

- Com certeza tudo isto  foi arquitetado por Mauro Mendes para tentar me desacreditar diante da população e tenho certeza que há conotação política por trás das ações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) – declarou o parlamentar do PSD que escalou o respeitado advogado criminalista Eduardo Mahon para atuar em sua defesa.

João Emanuel confirma sua impressão de que a armação surgiu de uma articulação do “Comitê da Maldade” que serve ao comando da Prefeitura e tem como seus principais integrantes Pascoal Santullo Neto, José Antônio Rosa e Antero Paes de Barros - curiosamente, esses dois últimos, velhos amigos e correligionários de Wilson Santos - pior adversário de Mauro Mendes, tanto na eleição de 2008 quanto de 2010, e que sofreu muito com os ataques, sempre da cintura pra baixo, arquitetados contra ele pelo grupo de Mauro, então no afã de se apossar, primeiro do Governo do Estado e, depois, do Executivo cuiabano, objetivo que só veio a alcançar em 2012, quando suplantar o candidato Lúdio Cabral, recorrendo a toda sorte de artimanhas.

Dissipando a fumaça

O advogado Eduardo Mahon, que responde pela defesa do vereador João Emanuel garante que só está esperando pelo momento certo, dentro do rumoroso processo, para demonstrar que não houve qualquer irregularidade na transferência dos imóveis do bairro Areão, citados na ação, e que, em breve, pretende comprovar a legalidade das iniciativas adotadas pelo vereador  - “e esse papo de escritura falsa vai desaparecer”.

De acordo com Mahon, "é lamentável todo o escândalo que o Ministério Público tem favorecido pra cima de João Emanuel. Tudo bem, ele já se afastou da Presidência da Câmara, e eu pergunto: quando nós mostrarmos o que realmente aconteceu, dissipando toda esta fumaça, como vai ficar  toda esta história?”

Zé Rosa, que já foi lugar-temente de Wilson Santos, agora “executa” adversários de Mauro Mendes. Em 2009, todavia, foi denunciado pela ‘Folha do Estado” como o maior latifundiário de Cuiabá. Gaeco até agora não investigou a denúncia contra Zé Rosa, que já esteve preso sob suspeita de participar de trama para desviar recursos do PAC, da Presidência da República

Não deve ter sido à toa que a armação montada pelo Comitê da Maldade de Mauro Mendes contra o vereador João Emanuel envolva uma possível grilagem de terras e que o nome do advogado José Antônio Rosa apareça no rolo. É que Rosa pode ser um especialista em grilagem, já que, em 2009 foi alvo de denúncia do jornal Folha do Estado, que o apontava como um dos maiores latifundiários urbanos de Cuiabá.

Intitulada “Prefeito cria complexo e Zé Rosa compra os lotes”, a reportagem da Folha do Estado, de 12 de agosto de 2009, informa que “sozinho, Rosa possui entre 1.000 e 1.200 hectares de terra na região da Ponte de Ferro, periferia de Cuiabá, que se transformou, nos últimos anos, numa das principais áreas turísticas da capital mato-grossense pela proximidade com a área central da cidade, a facilidade de acesso e pelas boas opções de lazer e banho que o rio Coxipó do Ouro oferece”.

Só que, de acordo com o jornal fundado por Sávio Brandão, provavelmente havia mutreta no súbito enriquecimento do então procurador geral de Cuiabá, na administração de Wilson Santos, e então presidente da Comissão de Ética do PSDB: “O crescimento da posse de José Antônio Rosa sobre os lotes deu-se a partir da decisão da prefeitura de Cuiabá de construir um complexo turístico no entorno da Ponte de Ferro, que inclui a construção de restaurante, vestiários, postos de saúde e da Polícia Militar e áreas de recreio. A partir de então, o procurador-geral passou a comprar todos os lotes que conseguia, tendo a última aquisição sido uma área de 200 hectares que, em princípio, estava sendo negociada com um outro político que pretendia construir um hotel de ponta no local. Como o político-empresário demorou a se decidir, o negócio acabou sendo fechado com José Antônio Rosa”.

A Folha do Estado, estranhamente, só fez uma reportagem sobre o súbito enriquecimento de Zé Rosa, abandonando em seguida a pauta, mas deixou um alerta, no texto: “Hoje, se você procurar um palmo de terra para comprar na região, desde a Ponte de Ferro até o Morro de São Jerônimo [que forma os paredões de Chapada dos Guimarães e divide o município da capital], não vai achar, está tudo nas mãos do José Antônio Rosa. “São mil hectares ou mais”, afirma um ex-proprietário que negociou com Zé Rosa uma área de 150 hectares”.

Passados quatro anos da reportagem da Folha do Estado, a questão deveria, certamente, interessar aos promotores Marco Aurélio de Castro, Arnaldo Justino da Silva, Mauro Zaque, Marcos Regenold e Samuel Frungilo, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, se eles estão, efetivamente, interessados em aprofundar o combate a todos os esquemas de grilagem de terras em Mato Grosso.

 

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