Governo reluta decretar quarentena mesmo com aumento exponencial de casos e UTIs lotadas
ALMT analisará projeto do Executivo que antecipa feriados em março e abril
19/03/2021 - 19:20 | Atualizada em 20/03/2021 - 19:35
Redação
Foto: Marcos Vergueiro/SECOM-MT
O governador Mauro Mendes propôs aos Poderes e setores produtivos a antecipação de feriados em Mato Grosso, nas próximas semanas, para reduzir a circulação de pessoas e, consequentemente, o contágio pela covid-19. Os feriados antecipados serão definidos no projeto de lei que será encaminhado à Assembleia Legislativa na próxima segunda-feira (22.03).
A proposta foi feita em videoconferência na tarde desta sexta-feira (19.03) junto ao Gabinete de Situação para enfrentamento da Covid-19, em reunião convocada pelo Governo de Mato Grosso.
A proposta inicial do governador é de decretar feriado do dia 24 ao dia 26 de março (quarta a sexta da próxima semana), e também nos dias 1 e 2 de abril (quinta e sexta) da semana posterior.
"Somando com os sábados e domingos, teríamos uma parada de cinco dias em uma semana e quatro na outra. Essa antecipação aumentaria o nível de distanciamento social, o que é fundamental para diminuir o contágio", explicou o governador, que agradeceu o apoio de todas as entidades que participaram da reunião.
O presidente da Fecomércio, Venceslau Júnior, garantiu apoio a medida e que o setor "vai trabalhar para conscientizar os trabalhadores do setor, para que também cumpram o distanciamento social em família". "Estamos agradecidos por nos ouvir", disse, acrescentando que a população tem papel fundamental nesse processo, para que não faça aglomeração nesse período.
O secretário-chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho, afirmou que o momento não é para ser utilizado em diversão ou passeio. "Precisamos conter essa pandemia. Esse é o momento de todos nós ficarmos em casa e manter o distanciamento social das outras pessoas, que não fazem parte da nossa família. Não é um feriado para passear e sim de lutar pela vida", afirmou.
Parada Insuficiente
A parada de poucos dias sem adoção de outras medidas restritivas de isolamento é insuficente para conter o avanço da covid-19 no estado.
Na verdade, o governo reluta decretar quarentena, mesmo com 95% das UTIs ocupadas.
Até o início da tarde desta sexta-feira (19) 134 pessoas aguardavam um leito de UTI no estado.
Na Capital, os hospitais privados e do SUS estão saturados e os profissionais esgotados, tanto que os Pronto Atendimentos suspenderam o atendimento regular para ampliar o acolhimento de pacientes com covid-19.
Especialistas afirmam que os reflexos de medidas de restrição de circulação começam a influenciar os dados da pandemia, como número de casos e internações, após cerca de duas semanas. Para redução no total de mortes, eles consideram que o intervalo desde a adoção das medidas pode ser ainda maior.
Para o médico sanitarista e deputado estadual Lúdio Cabral, ouvido pelo Caldeirão Político, o resultado seria mais eficaz, do ponto de vista sanitário, se fechasse a semana que vem toda, somando 9 dias, contados os sábados e domingos.
"Independentemente disso, qualquer medida a mais é positiva, embora o efeito ainda seja aquém do necessário", avalia Lúdio Cabral.