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O risco da generalização na investigação da grampolândia

29/09/2017 - 12:54 | Atualizada em 29/09/2017 - 13:09

Cícero Henrique

A declaração do tenente-coronel José Henrique Soares, em depoimento à delegada Ana Cristina Feldner, sobre suposta participação da imprensa, que colaboraria para divulgar falsa denúncia contra o desembargador Orlando Perri, é genérica e perigosa. Coloca toda a imprensa mato-grossense sob suspeita ao não identificar o veículo de comunicação e/ou repórter em questão.

O depoimento é parte da investigação do caso que ficou conhecido como 'Grampolândia Pantaneira'. O tenente-coronel José Henrique Soares  disse ter sido chantageado pelo coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco e sua esposa Helen Christy Lesco para gravar áudios e vídeos que seriam usados para uma tentativa de desqualificar o desembargador Orlando Perri, responsável pelo inquérito.

Soares disse ter sido orientado a procurar 'um grupo de promotores' para denunciar supostos desmandos do desembargador Orlando Perri. 'Não falaram os nomes, mas por dedução a gente sabe quem possa ser', afirmou o tenente-coronel.

'Além do Ministério Público, alguém da imprensa iria entrar em contato comigo, eu também iria passar essas informações... entrevista, é... programa de televisão, tudo que fosse ferramenta de divulgação em massa dessas informações', declarou Soares.

Ao omitir nomes, falando em 'grupo' e 'alguém da imprensa' numa investigação de tamanha gravidade, o tenente-coronel lança suspeita sobre todos os integrantes do MP e da imprensa.

Por isso a delegada Ana Cristina Feldner precisa identificar quem faz parte do 'grupo' e quem é 'alguém da imprensa', para que a verdade seja conhecida por toda a sociedade. Caso contrário, MP, PM e imprensa (e todos os jornalistas) serão vistos como 'farinha do mesmo saco' e desmoralizados.

Grampolândia

O esquema de grampos clandestinos funcionou entre 2014 e 2015 e era operado pela Polícia Militar em Mato Grosso, segundo consta na investigação policial. O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, ex-secretário de Estado de Justiça.

Na modalidade 'barriga de aluguel', militares teriam instituído um “escritório clandestino de espionagem”, por meio do qual foram praticadas interceptações ilegais. Eles incluiam números telefônicos de terceiros em pedidos legítimos de interceptação telefônica que ao final eram autorizados pelo Poder Judiciário. Foram grampeados políticos, jornalistas, membros do Judiciário e até do Gaeco.

 

 

 

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