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Notícias | Brasil

Agronegócio Responsável

10/08/2013 - 12:11

Amélio Dall?Agnol

 Conhecimento é igual água de enxurrada, a qual contorna grandes obstáculos e leva de roldão pequenas barreiras interpostas à sua trajetória. É a lei da natureza. 

Algo parecido acontece com o homem. Não adianta proibi-lo ou tentar impedi-lo de usufruir dos benefícios de um novo desenvolvimento, a menos que os argumentos apresentados em contra - igual grande barragem no caminho da água - sejam convincentes. 

Vocês se recordam dos primórdios da soja transgênica no Brasil? Seu cultivo estava proibido e havia ameaças de interdição dos campos cultivados com sementes transgênicas trazidas clandestinamente da Argentina. Destarte a proibição de plantio e das ameaças de destruição das lavouras transgênicas, milhares de produtores não foram convencidos dos potenciais malefícios dessa tecnologia e não deram atenção aos argumentos de que poderia haver riscos à saúde humana, animal ou ao ambiente. Para eles, os riscos hipotéticos eram menores do que os benefícios reais. 

Outra prática que impactou a vida de muitos produtores de grãos, Brasil afora, foi a antecipação do plantio da soja com variedades precoces para viabilizar o milho safrinha. Os argumentos técnicos contra a prática não convenceram os produtores, os quais responderam com sucessivos aumentos da área cultivada, promovendo o cereal - de cultivo marginal em meados dos anos 1980 - à safra principal, em 2012/13 (7,1 milhões de ha do milho safra e 8,4 milhões de ha do milho safrinha). Isto indica que as experiências exitosas do produtor - sustentadas em anos de observação – devem ser consideradas e avaliadas. A prática vale, por vezes, mais do que a teoria. 

É recomendável, portanto, ficar alerta sobre eventuais práticas dos agricultores, as quais, mesmo contrariando, eventualmente, indicações técnicas, poderão resultar em melhorias nos processos produtivos agrícolas. Suas experiências, no entanto, não devem ser seguidas cegamente, mas precisam ser avaliadas cientificamente, para comprovação ou descarte da inovação. 

Plantar soja safrinha, por exemplo, poderia ser aceitável? A lógica tecnológica desrecomenda, mas há produtores fazendo. Então, vamos acompanhar e avaliar a experiência desses pioneiros, antes de descartar a iniciativa. Este é o papel do cientista, que deve ser incansável na busca por novidades tecnológicas, mesmo quando elas parecem inaceitáveis. 

Amélio Dall’Agnol 
é engenheiro agrônomo

 

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