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23/01/2022 - 09:51 | Atualizada: 23/01/2022 - 09:58

Jair Bolsonaro está jogando o centro político nas mãos de Lula

Todos sabem que Bolsonaro é burro e um verdadeiro idiota na articulações políticas.

O governo federal está vacinando os brasileiros, mas, no lugar de capitalizar, o presidente Jair Bolsonaro (PL) continua combatendo a vacina. Nem seu guru, Donald Trump, critica mais a vacina. Por que a insistência do chefe do Executivo com um discurso que não dá certo, em termos político-eleitorais? Talvez ele pense que não dá para mudar, tendo ido longe demais.

Do ponto de vista estritamente político, há uma questão a considerar. Fica-se com a impressão de que, por ter obtido o apoio do Centrão — leia-se os “respeitáveis” Ciro Nogueira, Arthur Lira e Valdemar Costa Neto (sim, o que foi preso e deve apoiar Gustavo Mendanha em Goiás) —, Bolsonaro parece considerar que conquistou o centro político do país. Está enganado.

O centro político está à deriva, não se firmou. A rigor deveria sair do centro o candidato da terceira via — como João Doria, Sergio Moro e Ciro Gomes (este, de centro-esquerda). Mas, até o momento, nenhum postulante de centro sequer ameaça o segundo colocado, Bolsonaro, que tem menos de 30% das intenções de voto. Para chamar a atenção do eleitorado, como “a” alternativa para derrotar Lula da Silva (PT), o pré-candidato de centro deveria, desde já, aproximar-se do presidente, sugerindo que poderá superá-lo. Porém, ao menos no momento, Bolsonaro aparece, com folga, no segundo posto, atrás do petista, o líder.

Se Bolsonaro não agrega — consta que, agora, irá atrás do União Brasil (partido que está surgindo a partir da fusão entre PSL e DEM), com o objetivo de impedir sua aliança com Sergio Moro, do Podemos —, Lula da Silva trabalha para atrair o centro, ou seja, a corrente social-democrata incrustada no PSDB, que o petista chama de o “PSDB da Constituinte”. Depois de atrair o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (ex-PSDB) para seu projeto, o petista agora conversa com o ex-ministro Aloysio Nunes, e outros tucanos devem ser procurados (está na lista o ex-senador Arthur Virgílio, do Amazonas).

A operação de Lula da Silva é inteligente. Primeiro, ao atrair apoios novos, sinaliza que trabalha para tentar ganhar a eleição já no primeiro turno. Segundo, possivelmente por acreditar que será eleito, já está montando uma base política para lhe garantir governabilidade.

Agindo assim, Lula da Silva esvazia o campo da direita e da esquerda, isolando tanto Bolsonaro quanto Ciro Gomes, do PDT.

É patente que, além de ter “ressuscitado” Lula da Silva — deixou-o relativamente sossegado enquanto criava “inimigos” imaginários —, Bolsonaro poderá manchar, por vários anos, a imagem da direita no Brasil, que ficará cristalizada como anti-ciência e anti-civilização. Quem diria: a direita não está sendo “esmagada” pela esquerda, e sim pelos erros exatamente de um presidente da direita, ou da extrema-direita fundamentalista.

 

 
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