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20/10/2021 - 11:25 | Atualizada: 20/10/2021 - 20:07

Relatório da CPI da Covid: Governo federal expôs a população ao risco de contaminação

Os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia apresentam o relatório final, elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia.

A previsão é que o relatório tenha cerca de 1.200 páginas. Deve propor, segundo o vice-presidente, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o indiciamento de 70 pessoas físicas e duas jurídicas, as empresas VTCLog e Precisa Medicamentos, envolvidas em suspeitas de irregularidades em negociações com o Ministério da Saúde para a compra de vacinas.

Leitura
O relator Renan Calheiros esclareceu que após reuniões nesta terça-feira (19), os senadores acordaram por algumas alterações na proposta inicial.

Entre as alterações estão a retirada de indicação de crime de homicídio — conforme “argumentos técnicos e indiscutíveis do senador Alessandro Vieira” (Cidadania-SE) — e de genocídio contra indígenas.

— Em seu lugar, a comissão decidiu que indiciaríamos o presidente da República, Jair Bolsonaro, por mais um crime contra a humanidade, desta vez contra indígenas. Retiramos também o nome do pastor Silas Malafaia da relação daqueles cujos indiciamento serão propostos pela CPI para continuidade da investigação no Poder Judiciário e Procuradoria-Geral da República.

Notícias falsas
Renan Calheiros (MDB-AL) destaca em seu relatório que a propagação das notícias falsas gerou um clima de desconfiança na população e incentivou as pessoas a "agir com leviana normalidade".

— Fato que gerou uma exposição perigosa e desnecessária ao novo coronavírus e, consequentemente, contribuiu para a perda de vidas adicionais durante a pandemia.

Imunidade de rebanho
o governo federal deu ênfase em proteger e preservar a economia, bem como incentivar a manutenção das atividades comerciais. O senador destacou uma propaganda oficial do governo que dizia "o Brasil não pode parar". 

— Visando atingir a imunidade de rebanho pela contaminação, o governo federal, em particular o presidente Jair Messias Bolsonaro, com o uso da máquina pública, de maneira frequente e reiterada, estimulou a população brasileira a seguir normalmente com sua rotina, sem alertar para as cautelas necessárias, apesar de toda a informação disponível apontando o alto risco dessa estratégia. 

Omissão
o governo federal foi omisso e optou por agir de forma não técnica no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, "expondo deliberadamente a população a risco concreto de infecção em massa". O senador diz que ficou comprovada a existência de um gabinete paralelo, a intenção de imunizar a população por meio da contaminação natural, a priorização de um tratamento precoce sem amparo científico de eficácia, o desestímulo ao uso de medidas não farmacológicas.

Paralelamente, acrescenta Renan, houve deliberado atraso na aquisição de imunizantes, em evidente descaso com a vida das pessoas:

— Com esse comportamento, o governo federal, que tinha o dever legal de agir, assentiu com a morte de brasileiras e brasileiros — disse o senador, ao ler trecho da conclusão do relatório.

O relator identificou 29 tipos penais e sugeriu o indiciamento de 66 pessoas, incluindo deputados, empresários o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. Foram apontados ainda crimes cometidos por duas empresas: a Precisa Medicamentos e a VTCLog. 

 

INDICIADOS NO RELATÓRIO DA CPI DA PANDEMIA

Presidente da República, Jair Bolsonaro

Ex-Ministro da Saúde Eduardo Pazuello

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga   
 

Ex-ministro da Cidadania e ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni

Ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo

Ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário

Ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco 

Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro

Ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias

Representante da Davati no Brasil Cristiano Carvalho

Representante da Davati no Brasil Luiz Paulo Dominguetti 

Intermediador nas tratativas da Davati Rafael Alves

Intermediador nas tratativas da Davati José Odilon Torres da Silveira Júnior

Ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e intermediador nas tratativas da Davati Marcelo Blanco

Diretora-Executiva e responsável técnica farmacêutica da empresa Precisa, Emanuela Medrades

Consultor jurídico da empresa Precisa, Túlio Silveira

Ex-assessor especial do Ministério da Saúde Airton Soligo

Sócio da empresa Precisa Francisco Emerson Maximiano

Sócio da empresa Primarcial Holding e Participações Ltda e diretor de relações institucionais da Precisa, Danilo Trento

Advogado e sócio oculto da empresa FIB Bank Marcos Tolentino da Silva

Deputado Ricardo Barros (PP-PR)
 

Senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ)

Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)
  

Deputada Bia Kicis (PSL-DF) 

Deputada Carla Zambelli (PSL-SP)

Vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ)
  

Deputado Osmar Terra (MDB-RS)
  

Ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal Fábio Wajngarten

Médica participante do 'gabinete paralelo' Nise Yamaguchi

Ex-assessor da Presidência da República e participante do 'gabinete paralelo' Arthur Weintraub

Empresário e e participante do 'gabinete paralelo' Carlos Wizard

Biólogo e participante do 'gabinete paralelo' Paolo Zanotto

Médico e e participante do 'gabinete paralelo' Luciano Dias Azevedo

Presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro

Ministro da Defesa e ex-ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto 

Blogueiro suspeito de disseminar fake news Allan Lopes dos Santos

Editor do site bolsonarista Crítica Nacional suspeito de disseminar fake news Paulo de Oliveira Eneas

Empresário suspeito de disseminar fake news Luciano Hang

Empresário suspeito de disseminar fake news Otávio Fakhoury

Diretor do jornal Brasil Sem Medo, suspeito de disseminar fake news, Bernardo kuster

Blogueiro suspeito de disseminar fake news Oswaldo Eustáquio

Artista gráfico supeito de disseminar fake news Richards Pozzer

Jornalista suspeito de disseminar fake news Leandro Ruschel

Deputado Carlos Jordy (PSL-RJ)

Assessor Especial para Assuntos Internacionais do Presidente da República Filipe G. Martins

Assessor Especial da Presidência da República Técio Arnaud

Ex-presidente da Fundação Alexandre Gusmão (Funag) Roberto Goidanich

Político suspeito de disseminar fake news Roberto Jefferson

Sócio da empresa VTCLog Raimundo Nonato Brasil

Diretora-executiva da empresa VTCLog Andreia da Silva Lima

Sócio da empresa VTCLog Carlos Alberto de Sá

Sócia da empresa VTCLog Teresa Cristina Reis de Sá

Ex-secretário da Anvisa José Ricardo Santana

Lobista Marconny Albernaz de Faria

Médica da Prevent Senior Daniella Moreira da Silva

Diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior

Médica da Prevent Senior Paola Werneck

Médica da Prevent Senior Carla Guerra

Médico da Prevent Senior Rodrigo Esper

Médico da Prevent Senior Fernando Oikawa

Médico da Prevent Senior Daniel Garrido Baena

Médico da Prevent Senior João Paulo F. Barros

Médica da Prevent Senior Fernanda de Oliveira Igarashi

Sócio da Prevent Senior Fernando Parrillo

Sócio da Prevent Senior Eduardo Parrillo

Médico que fez estudo com proxalutamida, Flávio Cadegiani 

Precisa Comercialização de Medicamentos Ltda

VTC Operadora Logística Ltda - VTCLog

 

 
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