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13/10/2021 - 17:58 | Atualizada: 14/10/2021 - 06:56

Erros políticos fazem até países pobres da África avançar mais que Brasil, diz ONU

O representante brasileiro do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas afirmou que até países africanos mais pobres avançam mais do que o Brasil no combate à miséria e à fome. Em entrevista à Folha de São Paulo, Daniel Balaban destacou a necessidade de o Brasil adotar tributação mais progressiva e desonerar o consumo.

Segundo o representante da ONU, a desoneração tem apresentado mudanças radicais até mesmo em nações da África com pouca ou nenhuma infraestrutura, enquanto, no Brasil, o assunto é tabu. Balaban ressaltou que mais da metade do Brasil sofre insegurança alimentar, o que aumentou com a recessão de 2015-2016.

O atual sistema de tributação do Brasil faz com que uma proporção muito grande da população caia abaixo da linha da miséria. Balaban explicou que isso faz com que essas pessoas não contribuam, e, consequentemente, o Produto Interno Bruto (PIB) é achatado. O representante da ONU afirmou que este fato gera o chamado “estagflação”, quando a inflação sobe e não há crescimento econômico. O imposto sobre consumo (ICMS) é visto como um dos mais injustos.

Baladan comparou o país com nações da África e da América Latina, com menos infraestrutura. No entanto os erros políticos e os resultados fazem com que o Brasil seja modelo a não ser seguido.

A fome no Brasil, segundo Baladan, é decorrente da desigualdade social. O representante afirmou que todo país desenvolvido tem alguma política para desconcentrar renda. O aumento do salário mínimo seria uma forma positiva, mas a política foi interrompida.

Outra forma de incentivar o crescimento seria melhores financiamentos aos pequenos produtores. Assim, o valor dos alimentos deixaria de ser tão ligado ao dólar. Com o apoio somente no agronegócio, como ocorre no Brasil, a inflação fica dependente da moeda estrangeira.

O fator de polarização política desestabiliza o país. Balaban apontou que a política de um governo não é continuada se o próximo que assume é da oposição. Para ele, políticas de Estado têm de ser perenes, independentemente de quem as aperfeiçoou.

 

 
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