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17/07/2021 - 15:30 | Atualizada: 21/07/2021 - 09:33

Quem são e o que move os apoiadores de Sergio Moro?

A exemplo do ocorrido na Itália com a operação Mãos Limpas, vemos no Brasil o desmonte do combate à corrupção, promovido, de um lado, por maioria de parlamentares governistas, de esquerda e centro, e de outro, por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A renovação em 2018, na esteira do combate à corrupção promovida pela Operação Lava Jato, foi de 47,3% na Câmara dos Deputados, que elegeu 243 novos parlamentares, e de 85% no Senado, que elegeu 46 novos nomes dentre as 54 vagas, frustrou os eleitores. Passados poucos meses do pleito, tanto o Presidente da República, Jair Bolsonaro, como a maioria dos parlamentares eleitos, cederam à velha política do “toma-lá-dá-cá”.

O governo Bolsonaro rendeu-se aos interesses do Centrão, cujos parlamentares ocupam postos em cargos estratégicos nos ministérios e estatais. O presidente falhou no combate à pandemia de covid-19, preferindo dar ouvidos a achismos, olvidou as orientações dos cientistas, apostando em tratamento ineficaz e na chamada imunidade de rebanho, o que acabou levando à morte cerca de 400 mil brasileiros. Militarizou o governo, fechou os olhos para o desmonte da proteção ambiental no país, sobretudo na Amazônia, ignorou os inquéritos que apuram a participação do ex-ministro Ricardo Salles no contrabando de madeira e improbidade, prevaricou ao não denunciar à Polícia Federal a negociação ilícita de vacinas contra a covid-19, segundo revelações recentes na CPI da Pandemia no Senado. O resultado é que o presidente já perdeu um terço dos eleitores que o elegeram em 2018, como noticiado pelo jornal O Estado de São Paulo.

Contra o bolsopetismo

Parte dos eleitores arrependidos, apoiadores da Lava Jato e defensores da bandeira anticorrupção buscam alternativa ao ‘bolsopetismo’. São pessoas que declaram não votar de jeito nenhum em candidatos do Partido dos Trabalhadores, nem em Jair Bolsonaro (ainda sem partido). Embora não figure na maioria das pesquisas, cada vez mais eleitores manifestam-se nas redes sociais favoravelmente à candidatura do ex-juiz Sergio Moro.

Em diversos pontos do país surgem apoiadores dispostos a dedicar tempo e energia para eleger Moro Presidente da República. Alguns pertencem ao círculo próximo do ex-juiz, outros nunca o viram, mas estão convencidos que é o único que reúne as características e valores para combater a corrupção, fortalecer as instituições e governar dignamente o País.

O Caldeirão Político inicia hoje uma série de entrevistas para mostrar quem são, o que pensam e o que move estas pessoas.

Breno Paradelo Garcia



O primeiro entrevistado é Breno Paradelo Garcia, 34, formado em administração, residente em Brasília, atualmente consultor em Estratégia e Comunicação e presidente da Associação Mais Brasil. Ele explica porque decidiu apoiar a manifestação pró-Moro que será realizada em São Paulo e Brasília no dia 3 de outubro.

“Acredito em uma política de valores que preservem o modo de vida dos brasileiros em seus valores e sua cultura. O que se poderia chamar de conservadorismo, mas não esse conservadorismo caricato e falso moralista e, em certos aspectos, importado, que se alastrou pelo Brasil. E sim um conservadorismo raiz, digamos. E raiz de em suas origens brasileiras, que olhe para o povo brasileiro como ele é em suas origens, folclore, música, costumes, crenças, valores, miscigenações, cores, alegre, festivo, criativo, inventivo e muitas outras coisas. E tudo isso em três grandes eixos: cultural, político e econômico (capitalista-desenvolvimentista), somente olhando essa integralidade e sistemática é que se poderia falar em um conservadorismo raiz com cheiro e cara do Brasil. É isso que me move. Olhar para toda essa riqueza e potencial que somos e temos enquanto nação e buscar por uma política equilibrada no sentido que busque ambiciosamente pelo desenvolvimento do país e geração e aumento de renda, o que também implica em um certo nacionalismo, e ao mesmo tempo que se humana olhando as precariedades que também assolam nosso povo e que precisam de um alento. Então por um lado a busca pelo desenvolvimento nacional e pelo outro programas que minimizem nossas mazelas sociais, agindo em conjunto. Eu acredito que esse equilíbrio não somente seja possível, como também a único possível para nosso país”, diz.

"Eu não tenho ainda contato pessoal com Dr Sério Moro, e vejo com preocupação todo tipo de devotismo que surge para qualquer personalidade política, embora também entenda que isso é quase que inevitável", diz.

“O Brasil passou por uma situação de um governo extremamente corrupto pesado, não somente corrupção econômica como também corrupção moral e isso está machucado no coração do povo brasileiro. Agora na sequência elegemos, e digo elegemos por ter ajudado a eleger, tanto no sentido de ter votado quanto no sentido de fazer campanha. O atual governo, além de promover um verdadeiro desmonte e um retrocesso dos mecanismos de combate a corrupção, Bolsonaro enveredou por um caminho de total destruição do sistema institucional brasileiro. E isso foi o que fez com que o COVID fosse 3 a 4 vezes mais danoso quando comparado com países com populações parecidas com a nossa. A crise institucional criada pelo perfil beligerante de Bolsonaro foi indubitavelmente a grande responsável, não pela tragédia em si, mas sim pela proporção que ela tomou”.

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“Perceba que tudo o que com estas duas feridas abertas e ainda vivas no povo brasileiro, o remédio que ele mais precisa hoje é de um governo que combata a corrupção e reestabeleça a ordem institucional para que o país possa voltar a andar minimante. E hoje apenas uma pessoa se enquadra nessas duas grandes necessidades: Sérgio Moro, que hoje seria a única personalidade que representa em si o respeito a nossa institucionalidade um juiz de direito (nem quando o STF lhe impingiu derrotas ele se levantou contra) e que pode dizer que de fato combateu a corrupção. Existe uma associação umbilical entre Lava Jato e Sérgio Moro, um dos motivos pela qual o Governo Bolsonaro acabou com ela. Assim então justifico minha afirmação inicial de que não é em Sérgio Moro que estou votando, mas no perfil daquilo que ele representa ao encontro das atuais necessidades de nossa nação”.
 
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