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07/11/2012 - 10:06

Tribunais definem meta para julgar ações de crimes de administração pública

 Na esteira do julgamento do mensalão, os tribunais de todo país terão de julgar até 2013 todas as ações de improbidade administrativa e de crimes contra a administração pública, como corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, que chegaram ao Judiciário até dezembro de 2011. A meta foi definida nesta terça-feira pelos tribunais no Encontro Nacional do Poder Judiciário.

Presidente eleito do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa afirmou que a definição de metas "é o caminho correto a seguir" para acelerar o julgamento de processos pelos tribunais. "Vejo como uma iniciativa alvissareira tomar esses dois pontos, corrupção e improbidade administrativa, como temas guia da ação do Judiciário. Só posso me regozijar dessa escolha" afirmou.

Na avaliação do ministro, a quem caberá no comando do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cobrar o cumprimento das metas, a quantidade de ações de improbidade administrativa é pequena, o que permitirá atingir o objetivo estabelecido pelo encontro. "As ações de improbidade não são tão numerosas assim como outros tipos de ações que temos no Judiciário. São bastante importantes mas é um número relativamente administrável", avaliou o ministro.

A definição de metas para juízes e tribunais remonta a gestão do ministro Gilmar Mendes. A imposição de objetivos para o julgamento de processos gerou polêmica entre juízes e tribunais na época, mas, conforme Joaquim Barbosa, mostrou-se produtiva. "A primeira vez que foi fixada a ideia de metas houve mobilização importante no seio do judiciário e diria que grosso modo as metas foram cumpridas", disse o ministro.

Atual presidente do STF, o ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que o combate aos crimes contra a administração pública é um compromisso histórico do Judiciário. "O Brasil padece desse mal crônico e até imemorial desse mal de avanço no erário, no tesouro", disse. "Temos o dever, no âmbito do Poder Judiciário, de combater a improbidade administrativa, sonhando com um Brasil que saberá rimar erário com sacrário", afirmou Britto.

O descumprimento da meta pelos magistrados não gera necessariamente uma sanção. No entanto, a Corregedoria Nacional de Justiça pode eventualmente abrir processo contra magistrados que demonstrarem leniência no julgamento desses processos. O CNJ deve criar uma comissão interna para acompanhar o cumprimento da meta. O CNJ não dispõe de um cadastro preciso sobre a quantidade de processos de improbidade e de crimes contra a administração pública em tramitação no País. Os dados mais recentes indicam haver aproximadamente 18 mil processos de improbidade em tramitação nas instâncias. E mais de 2 mil processos contra acusados de corrupção.

Despedida

O encerramento do encontro praticamente serviu de despedida para o ministro Carlos Ayres Britto, que se aposenta no próximo dia 18. Ao lado de seu sucessor, o ministro Joaquim Barbosa, e no último evento à frente do comando do Judiciário, Britto fez elogios ao colega.

"Tenho todos os motivos para agradecer a Deus por essa oportunidade de uma convivência de quase 10 anos com o ministro Joaquim Barbosa e essa feliz coincidência de passar as presidências do CNJ e do Supremo para mãos tão honradas, tão imaculadas e para uma cabeça privilegiada", disse.

Joaquim Barbosa assume a presidência do Supremo no dia 22 de novembro e exercerá mandato de dois anos.

 
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