Imprimir

Imprimir Notícia

25/03/2019 - 07:01 | Atualizada: 25/03/2019 - 07:06

Ideologia nas redações distorce fatos para beneficiar determinados políticos

O tratamento que as redações — principalmente na grande imprensa — dão aos fatos é de uma assimetria ideológica estarrecedora. Não à toa, nas últimas eleições, os jornalistas ditos “grandes” foram ignorados pela sociedade, que, cansada das esquerdas, passou a usar as redes sociais para discutir os problemas nacionais e orientar o seu voto. A enxurrada eleitoral expressou exatamente o contrário do que pregava a enorme maioria dos colunistas, principalmente os mais famosos e abrigados nos mais poderosos meios de comunicação. A abertura das urnas trouxe o maior desfile já visto na história de nossas televisões de risos amarelos e fisionomias decepcionadas por parte de apresentadores. Não conscientes de seu vexame, julgando ainda ter uma capacidade de influenciar que hoje quase inexiste, esses jornalistas, apenas empossado e mal começando o novo governo, exercitam agora contra ele seu ódio, nos moldes descritos pelo padre Vieira, numa de suas páginas mais inteligentes: “Se com ódio, o que tem que ser e é bem que seja, não é e nem será jamais”.

Tomemos dois exemplos de tratamento de fatos em que o paralelismo inexiste: a morte da vereadora Marielle Franco e a quase morte do presidente Jair Bolsonaro. A grita pela punição dos responsáveis pela morte da vereadora na grande imprensa ultrapassou os limites nacionais, em que pese sua inexpressividade como figura nacional e até as suspeitas que pesam sobre seu envolvimento com questões ligadas ao crime organizado. E em que pese ela ter pertencido a um partido cúmplice da maior roubalheira já praticada neste Brasil, quando nada pela omissão. Hoje, passado quase um ano de seu assassinato, a grita continua. Marielle nada doou à sociedade a mais que doou qualquer dos muitos policiais executados, a cada mês, no Rio de Janeiro. Policiais cujos nomes sequer são mencionados pelas redações de esquerda, para quem eles são sempre o PM Ninguém. Gostem ou não dessa verdade, ela não pode ser contestada. Nenhum destes jornalistas cobra, também, esclarecimentos sobre o complô para matar o presidente. Silêncio total sobre todas as estranhezas: quem acompanhava o assassino (ou quase) Adélio Bispo no dia do crime, quem paga seus advogados, com quem ele mantinha contatos, de que rendimentos vivia, já que desempregado, com quem se relacionava em seu partido (o mesmo de Marielle).

 data-lazy-loaded=Renan Calheiros e Davi Alcolumbre: “virtudes” do primeiro foram exageradas pela imprensa e os dois processos do segundo merecem destaque
Outro exemplo está no tratamento dado pela mesma grande imprensa aos candidatos a presidente do Congresso, Davi Alcolumbre e Renan Calheiros, na cobertura da vexaminosa sessão do dia 1º deste mês. Todos os veículos de notícias, todos os dias, mencionaram dois processos que teriam sido abertos contra Alcolumbre na Justiça Eleitoral. Mas nenhum jornal, rádio ou televisão cobrou do Supremo Tribunal Federal a marcha da dezena e meia de processos contra Renan Calheiros, que dormem, há anos, nas gavetas dos srs. ministros do STF. Alguns desses ministros, aliás, aprovados no Senado Federal com a ajuda de Renan, que não tinham, ao que se fala, preenchido os requisitos para tão alta função. Renan foi pintado, nesse episódio da eleição do presidente do Senado, pelos mais famosos jornalistas, como alguém competente, com grande capacidade de articulação política, homem capaz de enfrentar sozinho o governo Bolsonaro. Quase um herói. Ignoraram o que dizem os fatos, e até recentes: Renan é político profissional, coronel nordestino, presente em quase todos os escândalos de corrupção que cremaram governos passados. Que pretendia ele como presidente do Senado e do Congresso, se ali mais uma vez chegasse? Ninguém perguntou. Mas pode-se arguir que não estaria entre seus objetivos prestar grandes serviços ao Brasil, que nunca o fez no passado, quatro vezes naquela Presidência.

Uma fábula marxista sobre a repetição dos fracassos
Contaram-me, dia destes, pequena fábula de inspiração marxista: dois artistas de uma grande rede de imprensa, que chamaremos pelos nomes imaginários de Juca Duarte e Pedro Bittes, amantes de pescarias, combinaram ida ao Pantanal. Escusado dizer que ambos eram marxistas, como costuma ocorrer com artistas das grandes organizações. Além disso, como também sempre acontece, adoravam mordomias e afins, razão pela qual a pescaria foi programada usando os meios postos à disposição por um amigo rico, proprietário de fazenda na região pantaneira. Avião particular, confortável sede na propriedade rural, bons comes e bebes, barco e barqueiro, tudo foi posto às ordens da dupla de profissionais do entretenimento, temporariamente esquecidos das palavras latifundiário, capitalista, explorador e outras. Bela e farta pescaria por alguns dias, pescando e libertando suas presas (artistas também costumam abrigar sentimentos ecológicos), até que no dia da partida Juca fisga um peixe de 50 quilos. “Igual ao ano passado. Este vou levar para mostrar à turma de Ipanema”, diz. Logo após, Pedro fisga outro, do mesmo porte. “Igualzinho ao do ano passado. Também levo o meu, para fazer inveja aos cineastas”, falou. E lá se vão para o aeroporto, onde o piloto, avião já pronto, espera, enquanto os empregados da fazenda se esfalfam para carregar as duas presas enormes. O piloto, ao ver aquilo protesta: “Não dá para levar. Carga excessiva para o avião. Nem vamos conseguir decolar”. Os dois artistas imediatamente contestam: “No ano passado decolamos com dois peixes do mesmo tamanho! O avião era igual!”. O piloto coça a cabeça e capitula: “Então vamos embarcar!”.

O avião decola, mas cai logo ali na frente. Livrando-se dos destroços, Juca fala para Pedro: “Caímos no mesmo lugar do ano passado, companheiro”. Pedro responde: “Igualzinho, camarada Juca!”.

Moral: em se tratando de marxistas, é absolutamente necessário repetir sempre os fracassos, na esperança de um sucesso que não vem.

  
 
 Imprimir