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27/10/2018 - 06:58 | Atualizada: 27/10/2018 - 17:06

Juntos,157 jornalistas de Mato Grosso repudiam Bolsonaro

Respeitosamente li o manifesto de 157 jornalistas mato-grossenses repudiando o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) e declarando apoio ao presidenciável Fernando Haddad (PT).

De igual modo mantenho respeito ao princípio democrático, por entender que a decisão eleitoral, sempre – repito: sempre – cabe ao conjunto maior da população, independentemente qual seja sua manifestação nas urnas.

Minha consideração sobre o manifesto dos 157 jornalistas não fica somente no plano do louvor, pois o vejo em segundo andar, uma vez que o mesmo critica o posicionamento de um candidato a presidente da República, mas é omisso no tocante à violação dos direitos fundamentais do cidadão em Mato Grosso, e faz vistas grossas ao mar de lama da corrupção no governo Pedro Taques, que em nada, absolutamente em nada, difere de seu antecessor Silval Barbosa.

Os 157 jornalistas apontam o dedo a Bolsonaro, que em linhas gerais, segundo eles (em outras palavras) feriria de morte as garantias individuais, os direitos difusos etc. Pois bem. Os 157 valentes no combate ao ‘inimigo’ distante não voltam o olhar para Mato Grosso no momento em que a deputada Janaína Riva (MDB) pede o afastamento do governador Pedro Taques(PSDB), por um cipoal de corrupção apontada em delação premiada pelo empresário Alan Malouf, e que envolve os sites rdnews. reportermt, midianews e folhamax, que inclui no lamaçal o jornalista Antero Paes de Barros, e o jornalista e empresário Gustavo Oliveira (dono do jornal Diário de Cuiabá).

Onde está a legitimidade dos 157 jornalistas que não conseguem ver o mar de lama nem sentir a fedentina em Mato Grosso, num momento extremamente delicado para o Estado, pois  o que está em jogo é o afastamento de um governador acusado de improbidade administrativa (por caixa 2 etc.) e sua substituição pelo presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho(DEM), que entre outras coisas é acusado pelo Ministério Público de pertencer a uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 30 milhões do Detran?

Onde está a legitimidade dos 157 jornalistas que se calam diante dos escândalo Grampolândia Pantaneira, promovido pela cúpula do governo Pedro contra incontáveis mato-grossenses, dentre os quais um dos subscritores do manifesto, o jornalista José Marcondes Muvuca?

Para dar legitimidade ao manifesto os 157 jornalistas deveriam associar Grampolândia Pantaneira do governo Pedro ao que poderia acontecer contra as garantias individuais numa eventual presidência de Bolsonaro.

Para legitimar o manifesto dos 157 jornalistas contra Bolsonaro, todos teriam que defender o afastamento de Pedro e paralelamente a isso teriam que pressionar para que Botelho não o substituísse. Fora disso, é discurso de superficialidade. É polêmica na extraterritorialidade, enquanto por aqui os 157 jornalistas fazem silêncio sepulcral.

É cômodo desancar Bolsonaro e manter silêncio sepulcral sobre a ficha corrida do deputado ao qual o jornalista assessora ou sobre o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, em seu grotesco episódio do paletó.  É comôdo ver Bolsonaro racista e fazer vistas grossas ao volume das escutas telefônicas de Grampolândia Pantaneira – que segundo o cabo PM Gérson Corrêaem depoimento à Justiça, tinha dois chefes: Pedro e seu primo Paulo Taques.

Jornalismo não se faz somente com vogais. Nem somente com consoantes. Crítica seletiva soa para o crítico pior do que o criticado. Ideologia de interesse nem deve ser qualificada para não ofender seu adepto.

Todo eleitor tem direito de criticar Bolsonaro e Haddad. Isso não exclui jornalista. O que merece reflexão, mas sem censura, por sermos um país democrático, é ver 157 jornalistas silenciosos sobre os atentados de Grampolândia Pantaneira contra a dignidade do cidadão. Quanto ao que dizem sobre Bolsonaro, nada contra, mas, em nome da decência profissional, da postura cidadã e da razoabilidade, que os 157 jornalistas subscritores do manifesto estendam a mão para ser apertada por seu posicionamento nacional e recusada por sua covardia estadual.

Muda Brasil!

Eduardo Gomes – editor de boamidia

 
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