Na noite de ontem (13), o entorno do ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) ainda tentava entender o que aconteceu. Machado foi preso pela Polícia Federal (PF), de manhã, na casa dele, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Por volta das 21h40, no entanto, surgiu a notícia de que Moraes havia revogado a prisão.

Tudo aconteceu pela suspeita de que o ex-titular do Turismo tivesse tentado conseguir um passaporte português no Consulado de Portugal no Recife para o ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid, um dos réus no chamado “inquérito do golpe”. O objetivo seria viabilizar a saída do militar do território nacional. A investigação contra Machado foi aberta a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).

Gilson Machado fez exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife e foi encaminhado ao Centro de Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, onde ficou algumas horas à disposição da Justiça. O advogado de Machado, Célio Avelino, conversou com o ex-ministro na unidade prisional e saiu de lá por volta das 18h.

Perto das 22h, Avelino voltou ao Cotel acompanhado pelo deputado estadual Alberto Feitosa (PL), amigo de Machado e que esteve na unidade mais cedo, mas não conseguiu falar com o ex-ministro. O advogado de Machado chegou a comentar com este blog que Gilson foi tratado com dignidade no local, mas que a defesa não tinha tido acesso aos autos do processo, para entender o que de fato estava sendo alegado.

A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) informou à imprensa que o ex-ministro ficou em uma cela separada para garantir a integridade física dele. Machado negou veementemente que tenha tentado ajudar Mauro Cid a sair do Brasil e alegou ter entrado em contato com o consulado apenas para renovar o passaporte português do próprio pai.

“Não cometi crime algum. Não matei, não roubei, não trafiquei drogas. O que fiz foi apenas pedir informações sobre a renovação do passaporte do meu pai, um senhor de 85 anos. É só verificarem as ligações que fiz para o consulado e os áudios que enviei aos funcionários. Eu nunca estive presente em nenhum consulado ou embaixada, nem de Portugal, nem de qualquer outro país, seja no Brasil ou no exterior. Tudo o que fiz foi um gesto de cuidado com meu pai, nada além disso. A justiça divina tarda, mas não falha”, declarou.

Ainda não se sabe se a investigação contra Machado e solicitada pela PGR vai continuar. Ao ser questionado sobre o que acontece a partir de agora com esse processo, o advogado Célio Avelino respondeu que só quem tem essa resposta é o ministro Alexandre de Moraes.

Véspera da prisão de Machado – Na véspera da prisão, o ex-ministro Gilson Machado acompanhou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante agendas em Natal, no Rio Grande do Norte, ao longo da quinta-feira (12). À noite, Machado voltou de carro para o Recife, onde foi preso. Gilson recebeu o ex-presidente no aeroporto de Natal e anunciou que Bolsonaro estava “recuperado” e que recomeçaria “Rota 22” pelo Nordeste. O último vídeo publicado por Gilson Machado antes de voltar ao Recife foi de um almoço com Bolsonaro.