14/06/2025 - 07:36 | Atualizada em 14/06/2025 - 12:07
Letícia Cotta
O mundo vive um dos momentos mais delicados das últimas décadas. Conflitos simultâneos em várias regiões, alianças militares se formando em divisões por blocos de países e o aumento da retórica belicista entre potências nucleares levantam uma pergunta mais adequada a livros de história ou filmes de ficção: estamos à beira de uma terceira guerra mundial?
Segundo o coronel da reserva do Exército e mestre em Ciências Militares Paulo Filho, a situação geopolítica global é a mais perigosa das últimas décadas. “Desde o fim da Guerra Fria – e talvez até antes – o mundo não vivia um cenário de tensão tão elevado. Estamos vendo uma guerra de alta intensidade na Europa, com a Ucrânia. O conflito entre Israel e Irã ganhou um vulto muito perigoso. Índia e Paquistão também se enfrentaram recentemente, e a China está cada vez mais assertiva sobre Taiwan e o Mar do Sul da China”, analisa.
Para o militar, o maior risco geopolítico atualmente está na formação de blocos rígidos, relembrando os alinhamentos que precederam os grandes conflitos do século XX. “Temos os EUA ao lado de Israel e a Rússia junto com o Irã, que também apoia Moscou na guerra contra a Ucrânia. Quanto mais claros e atuantes esses blocos se tornam, mais cresce o risco de que conflitos regionais acabem se fundindo num conflito de escala global”, alerta.
Uma guerra mundial já em curso?
O professor de Direito Internacional da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) João Amorim vai além: para ele, a Terceira Guerra Mundial já pode estar, na prática, em andamento, ainda que de forma fragmentada.
Além das frentes militares, Amorim destaca o papel cada vez maior das guerras cibernéticas, com ataques a infraestrutura, espionagem e sabotagem virtual entre os blocos rivais.
Sobre o confronto entre Israel e Irã, o professor aponta que o ataque recente ao território iraniano inaugura uma nova e incerta etapa nas tensões históricas entre os dois países. “As tensões entre Israel e Irã nunca cessaram. O que muda agora é a escala e o tipo de agressão. Um ataque direto ao território iraniano é algo inédito e seus desdobramentos são imprevisíveis. Um cessar-fogo é possível? Sempre é. Mas, diante do atual contexto, parece pouco provável a curto prazo”, avalia.
Impactos econômicos e ambientais: o custo global da escalada
O agravamento da crise no Oriente Médio pode gerar efeitos imediatos e duradouros sobre a economia mundial. Amorim lista os principais riscos: aumento dos preços do petróleo, inflação global, encarecimento de fretes e bloqueios em rotas estratégicas como o Canal de Suez e o Golfo Pérsico. “Além disso, devemos observar o impacto ambiental de ataques a infraestruturas energéticas e industriais na região”, acrescenta.
Ele também lembra que guerras por recursos naturais como água e terras raras já estão em curso em diversas partes do mundo, da Ucrânia ao Sudão do Sul, e que o cenário atual pode ampliar esse tipo de disputa.
Como o Brasil pode ser afetado
Apesar do distanciamento geográfico dos principais focos de tensão, o Brasil não está imune aos efeitos de uma escalada militar global. O coronel Paulo Filho destaca que o país será pressionado diplomaticamente tanto pelos Estados Unidos quanto pelas potências emergentes, como a China.
Já Amorim reforça que uma participação militar direta é improvável, considerando a tradição diplomática brasileira. “Não faz parte do DNA da política externa do Brasil esse tipo de envolvimento. Nossa história mostra uma atuação mais voltada à mediação de conflitos e missões de paz da ONU”, destaca.
Ainda assim, os impactos econômicos e o reposicionamento geopolítico podem colocar o país diante de dilemas difíceis.
https://www.theguardian.com/world/2025/jun/13/is-iran-as-close-to-building-a-nuclear-weapon-as-netanyahu-claims
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