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DHPP conclui 1ª fase de inquérito do homicídio de Renato Nery, mas ainda há vários pontos a esclarecer

Crime foi motivado por disputa de terras

12/05/2025 - 13:48 | Atualizada em 14/05/2025 - 17:37

Redação

DHPP conclui 1ª fase de inquérito do homicídio de Renato Nery, mas ainda há vários pontos a esclarecer

Renato Nery, 72 anos, foi assassinado no dia 5/7/2024

Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu, na sexta-feira (9.5), a primeira etapa do inquérito que apura o homicídio do advogado Renato Nery.

Conduzida pela Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, a investigação identificou  Alex Roberto de Queiroz Silva como o caseiro de uma chácara em Várzea Grande e o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira como envolvidos diretamente na execução do crime, com detalhamento específico da atuação de cada um deles.

Os dois foram indiciados pelo crime de homicídio qualificado pela promessa de recompensa e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Conduta individualizada

As investigações da DHPP identificaram um casal, moradores do município de Primavera do Leste, como mandante do crime. A motivação do crime foi uma disputa de terra.  Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça, e as ordens foram cumpridas na última sexta-feira.



De acordo com as apurações, o policial militar foi o intermediário contratado para fazer o “serviço”. Ele conseguiu a arma de fogo usada no homicídio e foi quem repassou a arma para o caseiro da chácara, que pilotou a motocicleta Honda Fan até o local do crime e efetuou os disparos que atingiram o advogado.

Crime arquitetado

Durante as diligências, foi constatado que tanto o militar como o caseiro vinham monitorando a vítima por vários dias.

Também foi comprovado que, no dia anterior ao homicídio (4 de julho), o caseiro parou com a moto próximo do escritório do advogado, em horário idêntico e no exato local de onde atirou na vítima no dia 5 de julho. Nesses dois dias, o caseiro conduziu a moto Honda Fan.

As provas demonstraram que o crime foi premeditado e a intenção era assassinar o advogado no dia 4. Mas, por algum motivo alheio, o crime não se consumou no dia planejado, provavelmente devido a alguma circunstância inesperada.

Investigação

No dia 5 de julho, após cometer o homicídio em frente ao escritório de advocacia, na avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá, o executor percorreu cerca de 30 quilômetros até chegar na chácara localizada no bairro Capão Grande, em Várzea Grande.

Todo o trajeto da motocicleta foi registrado por diferentes câmeras instaladas nas vias públicas. No dia 8 de julho, a equipe da DHPP conseguiu acessar a última câmera, que captou imagens da moto a menos de 2 quilômetros da chácara.

Diante da descoberta, no dia 10 de julho, todo efetivo da DHPP foi empregado para realizar buscas na região do bairro Capão Grande, com objetivo de localizar a motocicleta, até então a principal pista da investigação.

O delegado Bruno Abreu, que presidiu o inquérito, explicou que essa movimentação intensa de policiais civis, nas proximidades da chácara, causou temor aos dois suspeitos quanto à localização da arma de fogo e alcance das autorias.

“As evidências indicam que o intuito era abandonar a arma empregada no homicídio, fazendo com que a situação de confronto se mostrasse real e, com isso, levasse à possível incriminação das pessoas abordadas na ocorrência do suposto confronto registrado no dia 11 de julho”, disse Bruno Abreu.

Com a conclusão desse inquérito e indiciamentos dos dois envolvidos, o caseiro e o militar seguem presos preventivamente à disposição da Justiça. Os autos foram encaminhados para o Judiciário e ao Ministério Público Estadual para oferecimento de denúncia.

Já entre o casal apontado como mandante, a mulher aceitou colaborar com a investigação e irá falar em depoimento, acompanhada de advogado. O homem segue negando o crime e permaneceu calado durante todo o depoimento. A conduta dos dois será apurada em inquérito complementar.

Lista dos investigados, segundo a DHPP
  • Caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva – atirador
  • Sargento da PM Heron Teixeira Pena Vieira – intermediador recebeu dinheiro, arma e contratou o Alex pra fazer executar
  • Cabo da PM Jackson Pereira Barbosa – intermediador entregou dinheiro a Heron
  • Policial da integiência da Rotam, Ícaro Nathan Ferreira – intermediador que entregou parte do dinheiro ao Heron e entregou a arma
  • Empresário Cesar Jorge Sechi – mandou matar Nery por causa da disputa de terra
  • Empresária Julinere Goulart Bastos (esposa de Cesar) – mandou matar Nery por causa da disputa de terra. 

Sobre o confronto

Outros quatro militares foram indiciados em outro inquérito da DHPP que apurou o confronto entre criminosos e a Polícia Militar, ocasião em que foi encontrada a arma utilizada no assassinato do advogado.

A suposta ocorrência foi registrada sete dias depois do homicídio. Essa investigação tramitou de forma distinta e simultânea com o inquérito sobre o homicídio de Renato Nery.

Ao contrário da versão apresentada pelos militares, de que as pessoas abordadas na ocorrência faziam uso de arma de fogo, constatou-se que aquelas pessoas não estavam armadas na ocasião.

A investigação apurou, com base em exames periciais e outras provas, que as armas apresentadas pelos militares foram colocadas na cena do crime depois do suposto confronto. Os quatro envolvidos foram inquiridos mais de uma vez sobre a ligação da arma com o homicídio do advogado, mas os militares reservaram-se no direito ao silêncio.

Vale lembrar que, até o momento, não há indícios de participação direta dos demais militares na execução do homicídio do advogado.

O inquérito sobre o confronto, concluído na semana passada, aponta o envolvimento dos quatro no sentido de ocultar a autoria do crime anterior, pelo fato do grupo ter dispensado a arma de fogo usada no homicídio de Renato Nery.

O que falta esclarecer

A DHPP instaurou inquérito complementar para esclarecer outros fatos ocorridos após o homicídio do advogado:
  •  pagamento de valor feito ao militar e ao caseiro,
  • a pessoa que efetuou o pagamento,
  • por onde a arma passou até aparecer na cena do suposto confronto e
  • averiguar as condutas de outras pessoas que agiram como intermediárias do homicídio.

O homicídio

Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo, no dia 5 de julho do ano passado (2024), na frente de seu escritório, na capital. A vítima foi socorrida e submetida a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas depois do procedimento médico.

Desde a ocorrência, a DHPP realizou inúmeras diligências investigativas, com levantamentos técnicos e periciais, a fim de esclarecer a execução do advogado.
 

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