A perturbação que não dava paz ao mundo político de Brasília e aos brasileiros finalmente acabou. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enterrou de vez o Projeto de Lei de Anistia para os golpistas do 8 de janeiro de 2023 e deu o assunto por encerrado, após decidir, junto com os representantes do Colégio de Líderes, não pautar a absurda matéria idealizada e patrocinada pela bancada bolsonarista, que até conseguiu superar as 257 assinaturas de parlamentares necessárias para dar urgência ao PL na Casa.

A informação foi confirmada pela CNN Brasil, que reporta ter falado diretamente com Motta sobre o assunto. Ele teria dito que não pautará a Anistia aos golpistas, salientou que essa foi uma decisão que levou em consideração a opinião de todos os líderes dos partidos na Câmara, e que nenhuma forma de urgência, ou seja, uma tramitação rápida e direta em plenário, sem passar pelas comissões obrigatórias do Casa, será aplicada à iniciativa que pretende na realidade livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da cadeia.

Pelo apurado pela Fórum, no Colégio de Líderes, até mesmo representante de alguns partidos de direita, assim como legendas de centro e também de esquerda, se posicionaram contra a ideia de tramitação relâmpago de uma pauta tão controversa e desconectada da realidade e das necessidades dos brasileiros. O argumento é sempre o mesmo entre os que rechaçam a ideia: é um PL como qualquer outro e precisa de tempo para ser discutido, apreciado em comissões específicas e depois ser levado, ou não, ao plenário da Câmara para ser votado, algo que demoraria anos.

No entanto, a bem da verdade, o clima entre os líderes que barraram o PL da Anistia é outro. Eles vêm a iniciativa como uma inequívoca desculpa esfarrapada para, ao fim e ao cabo, beneficiar Bolsonaro e colocá-lo de volta no cenário político nacional, sem que o ex-presidente pague pelos crimes que cometeu e pela tentativa de golpe de Estado que quase aniquilou a jovem democracia brasileira.

O fato é que os bolsonaristas, após semanas de ameaças e muita agressividade, tentou colocar Motta outra vez contra a parede cobrando que a decisão fosse tomada nesta quinta-feira (24). O presidente da Câmara realmente tomou tal decisão, mas ela foi totalmente contrária às intenções do grupo extremista ultrarreacionário.

https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/04/24/reuniao-anistia.ghtml