07/01/2025 - 19:08
Redação
O Partido dos Trabalhadores (PT) está ajustando sua linguagem para dialogar diretamente com o eleitorado evangélico, um segmento estratégico no cenário político brasileiro. A mais recente campanha do Processo de Eleições Diretas (PED) traz o presidente Lula como garoto-propaganda, com um recado direto: “Irmão, você precisa se filiar pra votar no PED”.
A substituição do termo histórico “companheiro” por “irmão” não é casual. Enquanto o primeiro carrega forte simbolismo nos movimentos sociais e na militância de esquerda, o segundo é amplamente utilizado em igrejas evangélicas como expressão de acolhimento, respeito e pertencimento.
O movimento reflete uma estratégia clara: conquistar a confiança e o voto dos evangélicos, grupo que representa cerca de um terço da população brasileira. Historicamente, esse segmento tem mostrado resistência ao PT, influenciado por lideranças religiosas conservadoras.
Para quebrar essa barreira, o governo Lula tem buscado estreitar relações com igrejas e lideranças. Uma das iniciativas foi o lançamento do programa social “Acredita”, que já conta com apoio de mais de 70 igrejas e entidades evangélicas. O programa visa não apenas fortalecer o diálogo, mas também oferecer respostas concretas às demandas sociais das comunidades religiosas.
O Programa Acredita, lançado pelo Governo Federal em 2024, é uma iniciativa que visa ampliar o acesso ao crédito e fomentar o empreendedorismo no Brasil, especialmente para microempreendedores individuais (MEIs), pequenos empresários, mulheres empreendedoras e grupos historicamente excluídos do sistema financeiro tradicional. A ideia é que as igrejas, estando na ponta, entrem em contato direto com o público-alvo do Acredita e mostre o caminho para entrar no programa.
Outra aposta do Planalto é a inclusão de figuras evangélicas no alto escalão do governo. Nomes como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) têm sido cogitados para ocupar ministérios estratégicos na reforma prevista para o início de 2025. A presença de representantes evangélicos no primeiro escalão seria um gesto importante para ampliar a confiança desse público.
Apesar dos esforços, a resistência entre fiéis e lideranças ainda é forte. Pesquisas recentes indicam que a aprovação do governo Lula entre evangélicos permanece baixa. De acordo com o Datafolha, 43% desse grupo avaliam negativamente a gestão atual.
Além disso, nomes influentes como o pastor Silas Malafaia seguem atuando para fortalecer uma bancada evangélica no Congresso alinhada à oposição e ao bolsonarismo, bloqueando uma aproximação mais efetiva entre o Planalto e esse eleitorado.
O Processo de Eleições Diretas (PED) representa um momento importante para a democracia interna do PT. A votação, marcada para julho de 2025, escolherá lideranças municipais, estaduais e nacionais do partido. Para participar, é necessário estar filiado até fevereiro de 2025.
Ao adotar uma linguagem mais próxima da realidade evangélica, o PT tenta não apenas ampliar sua base de apoio, mas também suavizar as resistências históricas desse segmento. No entanto, a desconfiança mútua ainda é um obstáculo considerável. Resta saber se essa estratégia será suficiente para romper barreiras profundas e garantir um espaço mais sólido entre os evangélicos nas próximas eleições.
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