24/11/2024 - 13:40 | Atualizada em 26/11/2024 - 12:30
Cícero Henrique
As declarações do ministro Antonio Saldanha Palheiro durante o 3º Congresso Nacional do Fonajus trouxeram à tona críticas à abordagem e à estrutura do tratamento voltado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Ao associar tratamentos como ABA (Análise do Comportamento Aplicada) a conceitos simplistas e irreverentes, como "abraçar árvores" ou "passear na floresta", o ministro provocou repercussão entre especialistas, famílias de pessoas com TEA e defensores de políticas inclusivas e baseadas em evidências.
Pontos de destaque:
Crítica ao modelo de clínicas especializadas:
O ministro mencionou que essas clínicas estão "brotando" e associou sua existência a um custo alto para os pais, apontando um aparente distanciamento entre o tratamento e práticas de medicina baseada em evidências. Isso ecoa o debate levantado pelo relatório da UFRJ sobre o "complexo industrial do autismo", que questiona o foco em tratamentos centralizados em clínicas, contrastando com a política do SUS, que propõe cuidado comunitário e integrado.
"Fatores de autismo" e espectro amplo:
Ao comentar sobre a amplitude do espectro do autismo e sugerir que qualquer pessoa pode apresentar "fatores de autismo", inclusive ele próprio, a fala reforçou uma visão superficial e estereotipada sobre o TEA, o que pode gerar interpretações equivocadas e desinformação sobre a condição.
Críticas à Lei Romário:
A contestação da Lei 14.454, que obriga os planos de saúde a cobrirem tratamentos mesmo fora do rol da ANS desde que amparados por laudo técnico, foi apontada como um ponto de vulnerabilidade, já que, segundo o ministro, a legislação não se alinha com o princípio da medicina baseada em evidências.
Contexto mais amplo:
As declarações refletem tensões existentes no debate sobre saúde mental, autismo e os modelos de cuidado no Brasil. A crítica a uma possível "mercantilização" do autismo e a relevância da medicina baseada em evidências precisam ser discutidas de forma técnica e responsável, evitando estigmatizar famílias, profissionais e indivíduos que buscam por atendimento de qualidade.
Essas falas, no entanto, também evidenciam a necessidade de maior diálogo entre o judiciário, as políticas públicas de saúde e as comunidades envolvidas, para garantir abordagens mais informadas, respeitosas e inclusivas.
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