A decisão do governo federal de anular o leilão bilionário para a importação de arroz foi anunciada hoje no Palácio do Planalto. Estavam presentes os ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e o presidente da Conab, Edegar Pretto. A anulação do leilão ocorre devido a denúncias de irregularidades e questionamentos sobre a capacidade técnica e operacional dos vencedores em cumprir com as entregas do produto. A operação, que movimentaria R$1,3 bilhão, levantou suspeitas particularmente sobre a empresa Queijo Minas, uma pequena loja em Macapá (AP), que receberia R$736,3 milhões. O dono da empresa já foi citado em investigações sobre crimes em licitações e desvio de verbas públicas.
 

Desde o início, a Federarroz, representando mais de 6 mil produtores de arroz, contestou a necessidade da importação, argumentando que 83% da colheita já havia sido realizada sem prejuízos e que não havia risco de desabastecimento. A associação chegou a acionar a Justiça para impedir a compra.
 

Após o anúncio do cancelamento do leilão, o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, foi exonerado. Na Câmara dos Deputados, o pedido para criação de uma CPI para investigar a importação está ganhando força, com cerca de 100 assinaturas, precisando de 171 para ser instalado. O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS) destacou a rápida elevação do capital de uma das empresas vencedoras, de R$80 mil para R$5 milhões, uma semana antes do leilão, como exemplo das irregularidades envolvidas.