O presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação, Heleno Araújo, participou na manhã desta segunda-feira (20), em Cuiabá, da assembleia geral convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT).
Em entrevista ao Caldeirão Político, Heleno Araújo destacou a longa e árdua jornada de formação dos educadores, que têm direito à dignidade e valorização profissional.
Questionado sobre o empobrecimento dos professores mato-grossenses, Araújo disse que isso vai na contramão do que foi planejado para a educação brasileira nos últimos 10 anos.
"Para que as pessoas entendam, em 2014 foi aprovado o Plano Nacional de Educação e, em 2015, o Plano Estadual de Educação. A meta 17 desse plano apontava que em 10 anos, ou até mesmo em 6 anos, deveríamos equiparar a média salarial dos professores com a de outros profissionais com a mesma formação. E aqui houve uma regressão desse processo. Por isso, o sindicato faz essa afirmação com consistência", disse.
Sobre a recusa do secretário de Educação Alan Porto em receber a liderança sindical para negociar, Araújo afirmou que isso é muito grave.
"Isso é muito grave porque ele deixa de cumprir uma convenção internacional, uma determinação de um decreto presidencial, não abrindo a mesa de negociação com o sindicato. Essa é uma postura ditatorial, sim, porque no espaço democrático, o correto é receber, é instalar uma mesa de negociação. Nessa mesa de negociação, o governo vai justificar porque não quer repassar o reajuste."
Dinheiro em caixa
Na semana passada, o Executivo propôs e a Assembleia Legislativa aprovou o envio de R$ 50 milhões para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul, vítima de uma tragédia ambiental que deixou milhares de desabrigados e destruiu casas, empresas, escolas e a rede de assistência à saúde.
A iniciativa mostra que o Estado de Mato Grosso está em boa situação financeira. Para os educadores, nada mais justo do que atender às reivindicações salariais, recompondo o poder de compra defasado ao longo dos últimos anos.
Mato Grosso tem cerca de 20 mil professores e 80% deles trabalham com contratos temporários, segundo o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira. O sindicato cobra a realização de concurso público com urgência, o que dará estabilidade aos profissionais e reduzirá a desigualdade.
Nós professores estamos como um gato sob a mesa durante o café da manhã, implorando por migalhas
Para o professor Sergio Olivo, a gestão de Mauro Mendes é a pior para a educação, em comparação com as administrações de Silval Barbosa e Pedro Taques. "Hoje, nós professores estamos como um gato sob a mesa durante o café da manhã, implorando por migalhas. Perdemos o poder de compra, os preços do transporte e vestuário aumentaram, enquanto o salário do professor não acompanhou".
Ainda segundo o professor, não basta doar calçados e uniformes para os alunos. O governo precisa investir na formação continuada dos professores, no reconhecimento profissional, para que os professores possam cumprir sua missão de educar estudantes e até mesmo cuidar dos pais dos alunos.
Outro lado
O Caldeirão Político procurou a Secretaria de Estado de Educação, mas o secretário Alan Porto recusou-se a receber a reportagem.
Segundo um servidor revelou por telefone, os pedidos de reportagem devem ser encaminhados por e-mail, "mas isso é só uma forma de enrolar e não atender a imprensa".
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