Instituto Brasil-Israel repudia fala de Lula que banaliza o Holocausto
"Erro grosseiro que inflama tensões, e mina a credibilidade do governo brasileiro como um interlocutor pela paz"
19/02/2024 - 08:39 | Atualizada em 19/02/2024 - 18:05
Redação
Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto
Em nota, Instituto Brasil-Israel repudia comparação de Lula, em que “banaliza Holocausto e invoca a ideia de que judeus são os nazistas do presente, fomentando ainda mais o antissemitismo”
A fala do presidente Lula deste domingo, 18, em que compara a ação de Israel em Gaza a de Hitler contra judeus, foi criticada fortemente pelo Instituto Brasil-Israel (IBI). Em nota, a entidade repudia a comparação e destaca o perigo pela banalização do Holocausto e pelo impacto que pode trazer ao crescimento do antissemitismo.
Persona non grata
Hoje (19) Israel declarou Lula como 'persona non grata'. O Ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, afirmou ao lado do embaixador brasileiro Frederico Meyer, que a classificação permanecerá até que o petista “peça desculpas e se retrate".
“Nós não perdoaremos e não esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que se desculpe e se retrate por suas palavras”, postou o embaixador israelense.
“Esta manhã, convoquei o embaixador brasileiro em Israel perto de Vashem, o lugar que testemunha mais do que qualquer outra coisa o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus, incluindo membros da minha família.”
“A comparação do presidente brasileiro Lula entre a guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas, que destruíram 6 milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto.”
Ontem (18), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a fala de Lula equivale a “cruzar uma linha vermelha”. “As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”.
Leia a íntegra da nota:
“A comparação da tragédia em Gaza com o Holocausto nazista, feita por Lula neste domingo (18), é um erro grosseiro que inflama tensões, e mina a credibilidade do governo brasileiro como um interlocutor pela paz. O genocídio nazista foi um plano de exterminar, em escala industrial, toda a presença judaica na Europa, sob uma ideologia de superioridade racial e antissemitismo.
Não há paralelo histórico a ser feito com a guerra em reação aos ataques do Hamas, por mais revoltantes e dolorosas que sejam as mortes de dezenas de milhares de palestinos, entre eles mulheres e crianças, além dos cerca de 1.200 mortos israelenses e as centenas de civis que permanecem sequestrados em Gaza. A fala de Lula banaliza o Holocausto e ganha contornos ainda mais absurdos em um desrespeito flagrante à presença em Israel hoje de milhares de sobreviventes da barbárie nazista e seus descendentes.
É problemática também na medida em que invoca a ideia de que os judeus são ‘os nazistas do presente’, o que acaba por fomentar o antissemitismo.
O Brasil firmou compromissos internacionais para a preservação da memória do Holocausto e historicamente defendeu a luta contra sua banalização. Essa deve continuar a ser a posição brasileira.”
Instituto Brasil-Israel