A senadora Eliziane Gama (MA), vice-presidente da Comissão Temporária sobre a Situação dos Yanomami, disse na tarde desta quarta-feira (22) que se reunirá com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, para discutir as decisões intempestivas do presidente da Comissão Especial de acompanhamento da situação do povo Yanomami, Chico Rodrigues (PSB-RR).
Segundo a senadora Chico Rodrigues foi até a aldeia Yanomami sozinho, na última segunda-feira de Carnaval (17). "A assessoria dele me comunicou por WhatsApp, na noite de domingo, para estar no aeroporto de Boa Vista às 8h, para ir até a aldeia".
A visita de Rodrigues aconteceu à revelia das lideranças indígenas e da Funai e sem divulgação prévia. O parlamentar esteve em Surucucu e sobrevoou áreas tomadas por garimpos na Terra Indígena em um helicóptero da Força Aérea Brasileira.
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, registrou em vídeo o senador Chico Rodrigues na área externa do alojamento onde ficam os servidores da saúde em Surucucu.
"Conversamos com ele, falando que era um constrangimento muito grande para nós recebermos ele aqui, e o convidamos a se retirar do polo de saúde de Surucucu", disse Hekurari.
Ainda segundo a senadora, o colega Humberto Costa sequer foi comunicado. "Visita não é legitimada", disse Eliziane Gama.
Chico Rodrigues é sabidamente apoiador dos garimpeiros e chegou a fazer um pronunciamento, com os olhos marejados, lamentando a destruição de equipamentos do garimpo ilegal.
No dia da instalação da comissão (15-02), a visita sequer foi aventada, disse Eliziane Gama em entrevista ao vivo ao canal Globo News. A parlamentar questionou a legitimidade da visita, já que não houve planejamento de trabalho e nenhum assessor técnico o acompanhou, bem como não foi apresentado relatório da viagem.
O jornalista Otávio Guedes perguntou à senadora se ela acredita que Chico Rodrigues cometeu obstrução de justiça. Em resposta, Eliziane disse aguardar informações sobre a visita. "acho que nós poderemos chegar a essa conclusão quando ele nos apresentar as razões e a motivação dele. Eu acho que você traz o termo mais adequado, que é obstrução da Justiça, que é um crie que, sobretudo aí, quem é um agente público não pode cometer em nenhuma hipótese.
