Apesar da intercessão de do presidente estadual do PL em Mato Grosso, senador Wellington Fagundes, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, não estaria disposto a fazer vista grossa para Abilio Brunini, que será empossado deputado federal dia 1º/02.

Abilio pensou que poderia agir na Câmara dos Deputados como agia em Mato Grosso, mas acabou numa situação perigosa depois de transmitir um vídeo com desinformação sobre o ataque de bolsonaristas terroristas no dia 8 de janeiro. O caso ganhou repercussão nacional, com desmentidos de Arthur Lira e do jornalismo da CNN Brasil, o que causou grande desgaste ao parlamentar, que iniciará o mandato sob risco de ser denunciado à Comissão de Ética.

No vídeo, gravado três dias depois da invasão, o mato-grossense tenta passar a ideia de que a violência e depredação da Câmara dos Deputados, no dia 8 de janeiro, "não foi tão grande" e "não é como vocês veem na internet, não tem vidro quebrado aqui". 

Desmentido por jornalistas e pelas imagens das câmeras de segurança, a reação de Arthur Lira veio rápido. Indignado, disse que "todos que tiverem responsabilidade vão responder. Inclusive parlamentares que andam difamando e mentindo, com vídeo, dizendo que praticamente houve inverdades nas agressões que a Câmara dos Deputados sofreu em seu prédio. Então esses deputados serão chamados à responsabilidade, porque todos viram — afirmou Lira, em entrevista coletiva na manhã da última segunda-feira (16).

Questionado por jornalistas se estava se referindo especificamente sobre o caso de Brunini, Lira respondeu:

- Justamente isso. Eles terão que ser chamados à responsabilidade, porque, de qualquer maneira, um parlamentar eleito não pode estar divulgando fatos que não condizem com a realidade.

Foi depois disso que Abilio Brunini pediu a intervenção de Wellington Fagundes para acalmar os ânimos do presidente da Câmara e evitar punição. O próprio Fagundes confirmou o pedido. “Ele nos pediu para que tivéssemos essa conversa. Ao invés de ter sanções, teve o conciliamento”, afirmou Wellington.

Nos bastidores, no entanto, a informação é que Arthur Lira não deixará passar em branco e que o 'conciliamento' não está assegurado.  A Câmara quer marcar posição contra fake news. Na oposição, cresce a disposição para até mesmo "cassar o mandato do negacionista". 

Bolsonarista declarado, Abilio Brunini organizou e participou de eventos políticos em favor de Jair Bolsonaro em Cuiabá. Defendeu protestos dos extremistas alegando que manifestações contra a posse de Lula seriam legítimas.

Na noite do ataque de extremistas à sede da Polícia Federal em Brasília no dia 12/12, Abilio gravou um vídeo no local em que repudiou a violência e depredação, e defendeu a narrativa de que 'infiltrados' seriam os responsáveis. Dias depois foi confirmado pela polícia que os bolsonaristas autores da tentativa de atentado a bomba no Aeroporto JK participaram da ação de 12/12.

Devido a repercussão negativa do caso, Abilio anunciou que ficará afastado das redes sociais a conselho de políticos.