Vitor Furtado, o Bala 40, foi surpreendido pela polícia e pelo Ministério Público do Rio vendendo armas para bandidos. Em São Paulo, no bairro do Lageado, na zona leste, os policiais do Departamento de Narcóticos (Denarc) encontraram um arsenal com fuzil, carabina, duas pistolas e dois revólveres com Diego Izidoro, de 35 anos, acusado de participar de um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Em Uberlândia, em Minas, a Polícia Federal apreendeu na casa de um outro integrante do PCC duas carabinas, um fuzil T4, duas pistolas, uma espingarda e um revólver. Ocorridos em três Estados diferentes, esses não são casos isolados. Indicam antes uma nova forma de agir do crime organizado.
Mas o que todos esses fatos têm a ver?
Todas as armas foram compradas legalmente por laranjas ou por criminosos com extensa ficha criminal que se registraram como colecionadores, atiradores ou caçadores, os chamados CACs. A porteira que Jair Bolsonaro abriu para a turma do lobby da bala em 2019 e em 2020 com decretos que alteraram trechos do Estatuto do Desarmamento, ampliando o acesso a armas de fogo potentes, a munições e ao porte, facilitou a vida das facções criminosas. O Senado chegou a aprovar um decreto para derrubar as medidas, mas Bolsonaro decidiu revogá-las para evitar uma derrota no Legislativo.