05/12/2012 - 19:43
ADEMAR ADAMS
A reportagem da Veja reascendeu o debate em torno dos mais de 100 processos que o Ministério Público move contra José Riva.
O deputado e seus bajuladores, todos pagos com verba da Assembleia, direta ou indiretamente, vêm dizer que é matéria requentada.
Requentada não é. O assunto está presente no cotidiano de Mato Grosso. Os processos não param, e volta e meia sai uma sentença, um acórdão, que só não espocam na dita grande imprensa, porque Riva gasta cerca de 25 milhões por ano para calar, desde a TV Centro América até a rádio Canavial de Denise.
Um dia destes um desembargador afastou Riva do mando administrativo da Assembleia, mas a TV Bujão de Gás não noticiou. E eu não sei como o tal do Zarhan vive ganhando prêmio Brasil a fora...
Mas, se em Cuiabá todo mundo sabe da podridão da dita “casa cidadã”, o Brasil desconhece. Se a corrupção na Assembleia tivesse uma cobertura como a do chamado “mensalão”, o povo iria pedir a prisão perpétua de muitos deputados.
Então, tem muita gente do povo que acha que a culpa do Riva estar impune é do Ministério Público. É e não é. Os promotores fazem um trabalho magnífico, mas quando chega à cúpula, mais precisamente na Procuradoria Geral a coisa para. Antes era o simpático Paulão, que só enrolava. Agora é o “Cético” que acha que só daqui a mil anos, quando o nosso povo será igual aos finlandeses, a coisa vai ter solução.
Porque mais de cem processos?
Se alguém tiver a paciência de dar uma olhada nos processos, verá que em cada uma deles tem como réus Riva, Bosaipo e diversos servidores da casa, mais a coparceira, uma empresa de fachada, que deveria receber o dinheiro. Algumas existiram mesmo, outras os “donos” de nada sabem e tem uma que o proprietário já tinha morrido quando da sua constituição.
Os cheques estão lá, relacionados e fotocopiados com a assinatura dos dois deputados. E têm o endosso para sacar na boca caixa, o que é proibido.
Assim, cada processo tem o envolvimento de uma empresa diferente da outra. E mais, se fosse juntar tudo num só processo, teria mais de 80 mil páginas. Como manipular um processo destes? Quantos meses um juiz iria levar para ler todo ele? Quando chegasse à metade, já teria esquecido o começo.
O que o Riva quer é procrastinar o julgamento, pois ele sabe que lá no final a condenação é inevitável. Ele faz todas as chicanas possíveis, para travar a decisão final. Chegou ao ridículo de entrar com ação por danos contra um juiz que o condenou, buscando com isso impedir o magistrado do continuar atuando nos processos contra ele. Ainda bem que o Tribunal não deu guarida a esse tipo de achaque.
Uma parte do MP não é séria?
No dia da última posse do Riva na presidência da Assembleia, ele estava sendo entrevistado na TV Centro América. A grande jornalista Luzimar Colares não deixou de perguntar a ele sobre a centena de processos. Ele tentou justificar o grande número de ações dizendo que isso só existia porque uma parte do Ministério Público não era séria.
Pensei comigo: agora ele vai se dar mal com esta acusação gravíssima. Os dias passaram e nada aconteceu. Nem a Associação do MP pediu explicações, muito menos o Procurador Geral. Ora, deveriam pedir direito de resposta e exigir que o deputado dissesse quem no MP não era sério. Cheguei a cobrar uma atitude do doutor Marcelo Ferra, mas ele se fez de desentendido.
E agora o deputado, e aqueles com “Riva” à bico de pena no carro, vêm dizer que a Veja fez matéria paga contra ele. Que foi Pedro Taques e não sei mais quem que armou essa “calúnia”.
Eu penso que se o Riva fosse macho mesmo deveria pedir direito de reposta à revista. E mais, devia processar a Veja por calúnia e difamação. Mas ele só tem coragem de processar o Enock, a Adriana Vandoni, a Keka Werneck, o Ceará e este humilde jornalista.
Mas temos de lembrar que até o Fantástico e Faustini, o “repórter sem rosto”, da poderosa Globo ele conseguiu calar. O homem não é fraco não!
(*) ADEMAR ADAMS é jornalista e servidor do Tribunal Regional do Trabalho (TRT/MT).
08:04
07:45
07:11
24/04/2025 - 18:51
24/04/2025 - 17:36