A advogada dos médicos da Prevent Senior, Bruna Morato, diz na CPI que entre os médicos denunciantes do experimento que resultou na morte de várias pessoas estão diretores clínicos e de outras áreas da própria empresa.
— Falta de autonomia médica, ocultação e manipulação de dados, falta de transparência em relação aos pacientes e falta de respeito em relação à vida das pessoas.
Segundo a depoente, os médicos denunciantes explicaram que existia interesse do ministério da Economia para que Brasil não parasse, de acordo com um plano para que as pessoas saíssem as ruas sem medo. A estratégia era a Prevent Senior seguir o pacto, de acordo com o aconselhamento dos médicos Anthony Wong, Nise Yamaguchi e do virologista Paolo Zanotto. O papel da operadora de saúde era o de elaborar informações que convergissem com a teoria de que um determinado tratamento poderia ser usado para proteção contra a covid-19.
— Existia um interesse do Ministério da Economia para que o país não parasse. Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo — denunciou Bruna, que ressalvou nunca ter ouvido o nome do ministro Paulo Guedes nas conversas.
Questionada sobre qual seria a relação da Prevent Senior com o governo federal e o suposto gabinete paralelo, a advogada Bruna Morato disse desconhecer uma relação direta entre eles.
— As informações que tenho são que eles [Prevent Senior] colaboraram de forma muito efetiva para a divulgação de informação sobre a eficácia do "tratamento precoce" — afirmou.
A depoente Bruna Morato classificou como “atípico” o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter divulgado um estudo da Prevent Senior segundo o qual o tratamento com o "kit covid" garantiria “100% de cura”. A publicação foi feita em abril em uma rede social.
— É totalmente atípico o fato de o presidente da República citar uma instituição de saúde como tendo obtido sucesso em um ou outro estudo. O que fica claro no que foi publicado é que existiu uma maior publicidade com relação às informações. Informações essas, inverídicas — afirmou.
A advogada destacou ainda que, após o comentário de Bolsonaro, o diretor da Prevent Senior responsável pelo estudo acionou pesquisadores do plano de saúde para rever os dados da pesquisa. O objetivo seria garantir que estavam alinhados aos números citados pelo presidente da República.
— Existia uma mensagem encaminhada ao grupo de pesquisadores em que [o diretor do Instituto de Pesquisa da Prevent Senior] Rodrigo Esper pede que se faça um “arredondamento” de dados, considerando a citação do presidente da República. Ele pede que se faça uma revisão. Cita que [o estudo] foi citado pelo presidente e que, por isso, os dados precisariam ser perfeitos — disse Bruna Morato.
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