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Aras faz discurso ensaiado contra a Lava Jato e CCJ aprova recondução por 21 x 6

Brasil vive um tempo sombrio

24/08/2021 - 18:41 | Atualizada em 25/08/2021 - 06:03

Da Redação

Aras faz discurso ensaiado contra a Lava Jato e CCJ aprova recondução por 21 x 6

Foto: Reprodução

A recondução de Augusto Aras ao cargo de procurador-geral da República, na CCJ, por 21 votos a favor e 6 contrários, já era esperada. Acompanhar a 'sabatina' foi um exercício de paciência e tolerância para aqueles que não compactuam com a subserviência do PGR. Muitos desistiram de assistir a transmissão ao vivo da TV Senado, assombrados com o discurso ensaiado contra a Lava Jato e o ex-juiz da operação, Sergio Moro.

Aras foi preparado para agradar a maioria dos senadores, grande parte deles investigados ou ligados a condenados por corrupção e lavagem de dinheiro.

Augusto Aras é parte desta engrenagem, escolhido cuidadosamente pelo Presidente Jair Bolsonaro que mais uma vez preferiu não escolher um nome da lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), uma tradição seguida desde 2003. O objetivo foi o desmonte da maior operação de combate a corrupção já vista no país. Solenemente, Aras negou alinhamento com o presidente. 

Relatório em separado

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) chegou a apresentar um voto em separado contra a recondução de Aras, que não chegou a ser votado, visto que o relatório de Eduardo Braga (MDB-AM) foi aprovado. Para Alessandro Vieira, o procurador-geral foi omisso e inerte no período em que esteve no cargo. Vieira disse não ser mera "opinião pessoal", mas embasada em fatos, que enumerou, e no parecer da maior parte dos integrantes do Ministério Público.

Vieira, juntamente com Fabiano Contarato (Rede-ES), são autores de um pedido de investigação contra Aras por crime de prevaricação. Eles acusam o procurador de ser omisso diante de crimes praticados por Jair Bolsonaro. A ação, no entanto, foi arquivada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre Moraes. Na reunião da CCJ desta terça-feira, eles prometeram recorrer. 

Para Contarato, não há dúvida de que o procurador se omitiu e prevaricou, em diferentes ocasiões, principalmente em episódios na grave crise sanitária causada pela pandemia de covid-19. 

— Onde estava a Procuradoria-Geral da República quando presenciou, por exemplo, o presidente difundindo o tratamento precoce? Porque a difusão de tratamento precoce é crime de charlatanismo. Onde estava a Procuradoria quando presenciou o presidente difundindo a imunidade de rebanho, que é crime de epidemia qualificada? Onde estava a Procuradoria quando presenciou a existência de um gabinete paralelo dentro do Ministério da Saúde, que é crime de usurpação de função pública? Onde estava também a Procuradoria quando presenciou o presidente se recusando a adquirir vacinas da Pfizer 101 vezes? Isso é prevaricação! Onde estava a Procuradoria quando presenciou a omissão do presidente na crise de Manaus? — indagou o senador. 

O senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) também se declarou contra a recondução de Aras, lembrando que cinco ex-procuradores da República pediram, sem sucesso, que Aras investigasse Bolsonaro por suas declarações contrárias ao processo eleitoral e contra as demais instituições da República.

Plenário

Para confirmar um segundo mandato de dois anos no posto, ele passará agora pela avaliação do Plenário, onde precisará do apoio de pelo menos 41 senadores, ou seja, a maioria absoluta.

No Plenário, a votação encerrou às 20:53 com 55 votos favoráveis e 10 contrários.
 
(Com informações da Agência Senado)
 

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