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CPI ouve Cristiano Carvalho, representante da Davati. Ele revela que militares pediram 'comissão'

15/07/2021 - 09:14 | Atualizada em 15/07/2021 - 12:13

Redação

CPI ouve Cristiano Carvalho, representante da Davati. Ele revela que militares pediram 'comissão'

Foto: Reprodução

A CPI da Covid ouve hoje Cristiano Carvalho, representante no Brasil da empresa Davati Medical Supply.

A expectativa é de que ele esclareça sobre as negociações da empresa com o Ministério da Saúde e o suposto pedido de propina na compra de vacinas, relatado pelo policial Dominghetti.

O senador Humberto Costa (PT-PE), autor da convocação, disse aos jornalistas que a CPI quer saber qual o papel de Cristiano Carvalho, da empresa Davati Medical Supply, na negociação de vacinas com o Ministério da Saúde. Segundo o senador, ao que tudo indica, a empresa não tinha condições de vender 400 milhões de doses de imunizante, como se propôs. 

A CPI também tenta entender, de acordo com o senador, por que Cristiano usou o representante comercial Luiz Paulo Dominguetti, que depôs à CPI, para "atacar" o ex-diretor de Logística do ministério, Roberto Dias, e o deputado Luis Miranda (DEM-DF).    

Graves revelações

Eduardo Braga (MDB-AM) pediu esclarecimentos de Cristiano Carvalho sobre o vínculo empregatício com a Davati. De acordo com o depoente, ele atua como consultor e vendedor, mas sem formalização de contrato. Segundo o depoente, ele teria poderes limitados para representar a empresa no Brasil por possuir apenas uma carta de representação, sem valor legal no país, por estar em inglês. A afirmação foi contestada pelos senadores Eduardo Braga e Eliziane Gama (Cidadania-MA). Para eles, Cristiano Carvalho é sim representante oficial da Davati e não apenas um "simples vendedor".

Cristiano Carvalho afirmou que foi o Ministério da Saúde que o procurou para adquirir vacinas, e não ele que entrou em contato com a pasta. O vendedor da Davati disse que começou a receber mensagens do ex-diretor de Logística do ministério, Roberto Dias. Carvalho disse que recebeu mensagens de Roberto Dias em 3 de março, a partir das 19h, em que o então diretor se apresentava e pedia uma conversa. Segundo Carvalho, ele não retornou porque estava "incrédulo".

— Não retornei a primeira mensagem. Eu estava absolutamente incrédulo que era um funcionário do Ministério da Saúde entrando em contato comigo. Ele se apresentou como diretor de logística e eu fui checar, estava achando que era fake news.

Carvalho relatou ter recebido várias mensagens e duas ligações de Dias até que ele respondesse, às 21h.

Questionado sobre o suposto pedido de propina de funcionários do Ministério da Saúde, Cristiano Carvalho afirmou que Dominguetti usou o termo “comissionamento” no lugar de "propina". 

Ele se referiu a esse comissionamento como vindo do grupo do tenente-coronel-coronel Blanco [ex-diretor substituto do Departamento de Logística] e a pessoa que tinha apresentado ele ao Blanco, chamado Odilon.

Carvalho também afirmou que Dominguetti nunca mencionou o valor de US$ 1 de propina por dose, apenas disse que havia sido pedido um "comissionamento".

Senadores destacaram o nome do ex-secretário-executivo Elcio Franco como ponto em comum nas denúncias de corrupção dentro do Ministério da Saúde e salientaram o fato de que hoje ele trabalha dentro do Palácio do Planalto, como assessor especial da Casa Civil. As observações foram feitas depois que o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo do Senado, disse que os diálogos entre servidores do ministério e vendedores da Davati causam "desconforto", mas não apontam para corrupção generalizada dentro do governo federal.





 

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