CovaxinGate
Em áudio publicado pelo site O Antagonista o deputado federal Luis Claudio Fernandes Miranda (DEM-DF) afirma que apresentou provas de irregularidades na compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Segundo o parlamentar, o presidente concordou com a gravidade do caso.
Segundo o Miranda, o ex-secretário-executivo do MS, Elcio Franco Filho, pressionou seu irmão, servidor do ministério, a autorizar uma ordem de pagamento antecipado para uma empresa que não fazia parte do contrato. "Você faz um contrato com a empresa 'X', aí a empresa 'Y' se compromete a fazer toda a regularização no Brasil; aí recebe um invoice de pagamento - invoice é a nota fiscal - um invoice de pagamento da empresa 'A'? Você é louco de depositar para a empresa 'A'?"
Em entrevista à CNN nesta manhã, o deputado afirmou: "
Entreguei a Bolsonaro. O caso não é só de pressão. É gravíssimo: tem desvio de conduta, invoice irregular, pedido de pagamento antecipado que o contrato não previa, quantidades diferentes".
Miranda afirmou que quando levou a denúncia ao ex-ministro Pazuello ele não disse nada, mas sua expressão foi de decepção. "Do tipo não posso fazer nada".
Quando deixou o Ministério da Saúde, Pazuello disse que não se rendia a nenhum 'pixuleco'. Posteriormente, desconversou ao ser questionado sobre o quis dizer. Para Miranda, Pazuello foi
"expulso do Ministério" por uma estrutura que o impediu de lutar contra a corrupção. "A estrutura o impediu de fazer o que era certo".
Luis Miranda disse querer acreditar que o presidente Jair Bolsonaro não esteja envolvido no esquema. Afirmou temer por sua vida e do irmão e vai pedir proteção policial.
"São bandidos, eu sei com quem estou mexendo. Sei do que eles são capazes".
O deputado disse ainda, à CNN, que avisou também o
ministro Onyx Lorenzoni e o presidente da Câmara Arthur Lira.
MPF
A procuradora da República no Distrito Federal,
Luciana Loureiro, há indícios de irregularidades no contrato para a entrega de 20 milhões de doses da Covaxin no valor total de R$1,6 bilhão. A dose foi negociada a US$ 15 dólares, preço superior ao da negociação de outras vacinas no mercado internacional, a exemplo da vacina da Pfizer.
Os elementos reunidos pela procuradora foram enviados para o 11º Ofício de Combate ao Crime e à Improbidade Administrativa.
CPI da Pandemia
Hoje a CPI da Pandemia aprovou a convocação do deputado federal Luis Claudio Fernandes Miranda e do irmão dele para a próxima sexta-feira (25/6).
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, acaba de informar no Twitter que a comissão vai requisitar segurança para o deputado. "
Sua vida e de sua família precisam estar resguardadas".
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou de "informações gravíssimas" as apurações que já têm sido feitas sobre a compra da Covaxin.
— Foram ações deliberadas para trazer a Covaxin, a vacina mais cara com o calendário mais alongado. A única aquisição que teve um "atravessador", a empresa Precisa. Uma operação suspeita, e por isso ouviremos na sexta-feira [25] o diretor do Ministério da Saúde [referência a Luis Ricardo Fernandes Miranda] que cuidou dessa importação. O próprio presidente da República estava diretamente envolvido na operação, porque havia mandado mensagens e telefonado ao primeiro-ministro da Índia — afirmou Renan.
A pedido de Randolfe, a CPI solicitou ao Ministério da Saúde toda a documentação sobre o processo de licitação e execução relacionado ao contrato envolvendo as vacinas da Bharat Biotech, o laboratório que produz a Covaxin. A CPI ainda está quebrando os sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-assessor de logística durante a gestão do general Eduardo Pazuello na pasta.
Randolfe explicou que a CPI já possui documentação dando conta que Alex Lial "atuou fortemente para que seus funcionários superassem, de qualquer forma, os entraves junto à Anvisa que impediam a entrada da Covaxin no Brasil". Ele acrescenta que a CPI teve acesso a depoimento de Luis Ricardo Fernandes Miranda informando sobre "pressões anormais através de mensagens de texto, e-mails, telefonemas e pedidos de reuniões", tendo sido procurado inclusive fora do horário de expediente (aos sábados e domingos)
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