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Governo Jair Bolsonaro paga R$ 3,2 milhões à Record por novela bíblica

06/04/2021 - 11:19 | Atualizada em 06/04/2021 - 16:19

Redação

Governo Jair Bolsonaro paga R$ 3,2 milhões à Record por novela bíblica

Foto: Agência Brasil

O governo federal, por meio da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), pagou mais de R$ 3,2 milhões à TV Record, de propriedade de Edir Macedo, fiel apoiador de Jair Bolsonaro, para adquirir os direitos de transmissão da novela bíblica “Os Dez Mandamentos.”

O contrato, publicado no Diário Oficial da União, foi assinado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, que é genro do apresentador e empresário Silvio Santos, dono do SBT, outra emissora editorialmente alinhada ao atual governo.

No documento, datado de 30 de março, fica estipulado que a novela será exibida em 242 capítulos, vigorando até novembro de 2022, em pleno período eleitoral. As exibições serão de segunda a sábado, com uma reprise diária.

Estado laico – Para além do gasto milionário que beneficiará diretamente um apoiador político do presidente, uma outra questão despertou críticas no episódio. A temática religiosa da obra, que será exibida num canal do governo, fere a Constituição Federal, que em seu artigo 19, inciso I, deixa clara a natureza secular que deve nortear a administração pública, devendo esta não se envolver em questões de ordem religiosa.

“É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvenciona-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança (…)”, diz o texto.

Uso da EBC para fins políticos – Em carta publicada há pouco mais de um mês, jornalistas da estatal acusam o governo Bolsonaro de censura. Eles afirmam que sofrem inclusive constrangimentos, pois são impedidos de cumprirem pautas que sejam desfavoráveis à atual gestão e ao presidente, sendo vetada também a difusão dos dados alarmantes de mortos e contaminados na pandemia da Covid-19.

No texto há relatos de inúmeras perseguições no ambiente de trabalho, por meio de afastamentos e transferências de postos dos profissionais que se recusam a aceitar a censura imposta pela chefia.

Segundo um dossiê formulado pela Comissão de Empregados da EBC, desde que assumiu a Presidência da República, em janeiro de 2019, Jair Bolsonaro já interferiu 138 vezes na instituição, que hoje conta com a presença de sete militares da reserva em cargos de diretoria.

Em outubro do ano passado, durante a transmissão pela TV Brasil do jogo Brasil e Peru, pelas eliminatórias da Copa do Mundo do Catar, a emissora, que é parte da EBC, foi acusada de fazer propaganda política para o atual mandatário do Palácio do Planalto. No final do primeiro tempo, o narrador André Marques mandou “um abraço”, em tom esfuziante, para Jair Bolsonaro e para o presidente da CBF.

 

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