Em artigo na edição especial da
revista Crusoé nesta sexta-feira (1º-01), intitulado 'Procuram-se lideranças', Sergio Moro criticou a falta de liderança do Ministério da Saúde e do presidente Jair Bolsonaro na condução das ações em face da pandemia de covid-19.
"Mas ora vivemos um vácuo de liderança, ora com a proposição de soluções erradas", escreveu Moro.
Sergio Moro faz críticas mais diretas ao governo Bolsonaro e os que defendem o afrouxamento das medidas anticorrupção no Congresso Nacional e
dá sinais que poderá disputar a Presidência da República em 2022.
Para o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça, o ponto meritório do governo foi o programa temporário de auxílio emergencial, mas ressalta que há dúvidas sobre as consequências futuras do auxílio devido ao aumento da dívida pública.
Moro destacou a
atuação positiva do governador de São Paulo, João Doria, no tocante às medidas para a importação e produção de uma vacina possivelmente eficaz contra a covid-19 "e motivou o governo federal a abandonar o imobilismo em relação ao tema, que é de abrangência nacional".
Sergio Moro aponta o
abandono da pauta de combate à corrupção, o esvaziamento da operação Lava Jato e o enfraquecimento de mecanismos institucionais que permitiram a redução da impunidade. "Após minha saída, pautas importantes, como o restabelecimento da prisão após a condenação em segunda instância, foram completamente abandonadas".
Para Moro, poucas lideranças estão preocupadas com esta pauta, como o presidente do STF, ministro Luiz Fux. "A responsabilidade é de muitos, mas não é possível ignorar a parcela que cabe ao Planalto".
Presidência da Câmara e Senado
Sergio Moro lembra que apenas
o grupo Muda Senado "permanece firme na agenda ética e anticorrupção". Embora Moro não explicite, é sabido que os demais concorrentes, tanto apoiados pelo presidente, como por Rodrigo Maia [na Câmara] não estão preocupados com a pauta de combate à corrupção.
O ex-juiz conclui que a
energia cívica despertada pelo combate à corrupção antes de 2019 foi desperdiçada, mas acredita que há 'alguma esperança' que esta força cívica
"permaneça latente e possa retonar um papel fundamental". Moro ainda destaca o importante papel da 'cidadania ativa'.
"Mas o papel da liderança é igualmente fundamental, o que é ilustrado pelas frustrações dos últimos anos".
Esperança para 2021
Segundo Sergio Moro, a grande esperança para 2021 é a
vacinação em massa da população contra a Covid-19 e lembra que a agenda anticorrupção poderá ser retomada por lideranças e potenciais candidatos, "se não por vontade própria, então por receio das urnas'. Na última linha, afirma que precisamos ser otimistas e "esperar por tempos melhores, com menos propaganda enganosa e mais verdade".
Os brasileiros sabem muito quem patrocina a
propaganda enganosa e a mentira, responsável pelo maior estelionato eleitoral já praticado no Brasil.