20/06/2018 - 14:20 | Atualizada em 20/06/2018 - 14:24
Augusto Nunes,
A absolvição de Gleisi Hoffmann pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal pode ter sido o ensaio derradeiro do elenco que prepara para este 26 de junho o ato mais audacioso da interminável ópera dos infames. Nesta terça-feira, cinco ministros acharam insuficientes as incontáveis provas que afogaram no pântano do Petrolão a presidente do PT, o maridão e ex-ministro Paulo Bernardo e um comparsa. Quem faz isso pode fazer de conta que Lula é mesmo a alma viva mais pura do planeta. E livrar da cadeia em Curitiba o ex-presidente presidiário.
Se vissem as coisas como as coisas são, os ministros da defesa de bandidos juramentados teriam enxergado em Gleisi o prontuário ambulante rebatizado de Amante pelo Departamento de Propinas da Odebrecht. A opção pela miopia malandra levou a bancada dos libertadores de delinquentes a enxergar numa atropeladora do Código Penal a menina que, segundo Roberto Requião, queria ser freira para ajudar os pobres. Essa espécie de miopia não é uma disfunção visual. É uma decorrência de fraturas no caráter.
Se Lula for absolvido no dia 26, a Segunda Turma deixará de ser um tribunal para transformar-se no departamento jurídico do grande Clube dos Cafajestes. Caso se consume essa afronta ao país que pensa e presta, os juízes de araque vão descobrir que podem muito, mas não podem tudo. Mesmo num Brasil infestado de vigaristas verbosos, ainda existem juízes de verdade. Existem também milhões de cidadãos honrados, todos decididos a apressar o sepultamento da canalhice hegemônica.
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