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Manual contra o marketing eleitoral

20/08/2012 - 10:42

Chico Marés

Agora a campanha começou para valer!

O início do Horário Eleitoral Gratuito na televisão e no rádio, amanhã, marca a reta final das eleições, quando os candidatos vão concentrar todos os seus esforços para ganhar o seu voto. Nessa hora, o marketing se torna imprescindível para adequar a figura dos candidatos às expectativas da maioria dos eleitores. Entretanto, ele também cria distorções e pode gerar falsas ideias sobre os postulantes. Por isso, é importante estar bastante atento quando exposto à propaganda política.

Para o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor do livro A Cabeça do Eleitor, o principal cuidado que o eleitor deve ter é analisar as propostas e afirmações dos candidatos diante de sua realidade. “O eleitor tem que ver se o que sai na tevê corresponde aos fatos da vida real, em particular quando um governante fala de suas ações”, afirma. Almeida avalia, também, que a propaganda, em geral, não é uma enganação e que sua existência é parte do jogo democrático.

Já a cientista política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luciana Veiga pontua que o eleitor de hoje tem mais senso crítico do que há 20 anos. Logo, os candidatos de hoje percebem que mentir e prometer o impossível não cola. Para ela, a principal preocupação do eleitor de hoje é verificar o histórico dos candidatos e os valores que ele defende, e ver se eles são compatíveis com os seus. “Não existe voto certo e voto errado. O eleitor tem é que identificar quais são as suas prioridades e as prioridades dos candidatos”, afirma. O senso crítico também é importante nessa hora. Para o cientista político da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Fernando Azevedo, a reta final das eleições tende a vir acompanhada de uma “inflação de promessas”. Portanto, o importante é avaliar o que é só propaganda e o que é, realmente, uma proposta ou posicionamento concreto. Para ajudar a driblar as “armadilhas” da propaganda eleitoral, a Gazeta do Povo separou seis dicas para que o seu voto seja no candidato cujas propostas são mais parecidas com o que você espera para sua cidade.

com as emoções

Nenhum voto é 100% razão. Segundo Luciana Veiga, da UFPR, existem linhas de pesquisa na ciência política que mostram que os eleitores tendem, primeiro, a gostar da pessoa do candidato, antes de arranjar justificativas para dar seu voto. Logo, é natural que os candidatos apelem para o lado emocional, tentando criar uma empatia para facilitar o diálogo com o eleitor, do mesmo jeito que as margarinas e as pastas de dente são sempre vendidas por uma família simpática e feliz. Entretanto, é bom lembrar que, na hora de votar, o importante é conhecer as propostas do candidato e saber se elas são parecidas com as suas – e não se ele é um sujeito alegre que gosta de crianças e cachorros, assim como você. E saiba, também, que cada sorriso e cada lágrima são calculados para conseguir sua simpatia – não que isso seja errado, mas é verdade.

Desconfie dos “candidatos ficha-limpa”

É o chavão do momento! A expressão “candidato ficha limpa”, geralmente acompanhada de um selo, invariavelmente vai aparecer no material de campanha de uma porcentagem considerável dos postulantes às câmaras e prefeituras de todo o Brasil. Aprovada em 2010, a lei da Ficha Limpa vai valer pela primeira vez nas eleições de 2012. Ela determina que cidadãos com certos tipos de condenação em órgãos colegiados são inelegíveis. E aí está a questão: se o candidato não fosse “ficha limpa”, ele nem sequer se qualificaria para disputar as eleições. Logo, todos os candidatos são “ficha limpa”. Vale dizer que “ficha limpa” e idôneo são duas coisas bem diferentes. Não ter sido condenado não significa necessariamente ser honesto. Pesquise a história de vida do seu candidato para saber se a ausência de condenações significa, realmente, que ele é uma pessoa honesta e digna de seu voto.

Saiba as atribuições do cargo

Começa a campanha e, com ela, chegam as promessas. Candidatos a vereador prometem implantar a educação integral nas escolas, resolver o problema da fila nos postos de saúde e asfaltar todas as ruas do seu bairro. A Polícia Militar é um órgão do governo do estado, e não da prefeitura. Quem tem que decidir sobre a implantação da educação integral nas escolas é a prefeitura, e não a Câmara. E por aí vai. Isso não quer dizer que o prefeito não tenha responsabilidade pela segurança, ou o vereador pela educação. Aliás, alguns tentam sair pela tangente dizendo que certas coisas não são de sua atribuição. Verifique isso também.

 

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