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Suplente fica na mira dos senadores

13/07/2012 - 15:01

Folha

Ao tomar posse na vaga aberta com a cassação do ex-senador Demóstenes Torres, o suplente Wilder Morais (DEM-GO) deverá ter que explicar aos senadores a acusação de que foi indicado para esse posto pelo empresário Carlos Cachoeira. Um grupo de senadores considera que as explicações serão ‘‘inevitáveis‘‘, especialmente à CPI do Cachoeira, uma vez que áudios da Polícia Federal apontam sete conversas entre o suplente e o empresário do ramo de jogos.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor da representação que deu início ao processo de cassação de Demóstenes, disse estar claro que Wilder mantém uma relação pessoal com o empresário. ‘‘Ele toma posse sob forte suspeição. São razões que merecem atenção especial da CPI e do Senado. Se eu fosse ele, começava utilizando a tribuna explicando qual o nível das suas relações com o Cachoeira.‘‘

Para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), as explicações serão ‘‘inevitáveis‘’ se ficar comprovado que o suplente de Demóstenes compartilhava da ‘‘intimidade‘’ do empresário. ‘‘O fato de ter sido indicado para a suplência pelo Cachoeira é uma suspeição evidente. Não acho justo prejulgar, mas os fatos falam mais alto. Na hora que você toma posse, se submete à luz do sol. Se você tiver razão, não derrete.‘‘

O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), disse que a indicação de Wilder para a suplência comprova a necessidade de mudanças na legislação eleitoral do país. ‘‘Isso só reforça a tese de que temos que mudar as regras para a indicação de suplentes. Deveríamos extinguir a suplência, deixar a vaga aberta até a próxima eleição.‘‘

Reportagem da Folha de S.Paulo revela que o primeiro suplente de Demóstenes foi colocado nesse posto pelo empresário Carlinhos Cachoeira, a quem chamava de ‘‘Vossa Excelência‘‘. O empresário relembrou a Wilder o papel que teve na sua ascensão política em uma longa conversa por telefone, em junho de 2011. Ela ocorreu no auge de uma crise gerada pelo envolvimento de Cachoeira com a então mulher do suplente, Andressa Morais. ‘‘Eu não vou expor você, cara. Fui eu que te pus na suplência, essa secretaria, fui eu, você sabe muito bem disso. Então, para que eu vou te expor?‘‘, afirma Cachoeira. Wilder concorda e indica ter gratidão por Cachoeira.

Posse

Como o ato de cassação de Demóstenes foi publicado ontem no ‘‘Diário Oficial‘’ do Senado, o suplente do ex-senador tem o prazo de 60 dias para assumir o mandato. O prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias, desde que ele comunique o comando da Casa sobre a sua intenção de assumir.

Wilder ainda não comunicou ao Senado sobre a data em que pretende assumir o mandato. A posse pode ocorrer inclusive durante o recesso parlamentar, que tem início no dia 18 de julho. Se for realizada no recesso, ocorre no gabinete do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Do contrário, o senador é empossado em cerimônia no plenário da Casa.

Ao assumir o mandato, o suplente passa a ter todos os direitos concedidos aos parlamentares, como salário de R$ 26,7 mil, auxílio-moradia, atendimento médico e odontológico e a cota de R$ 15 mil para gastos no exercício da função, entre outros.

 

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