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Notícias | Brasil

Preço pago ao produtor de soja bate recorde

30/06/2012 - 13:45

Ricardo Maia

A média dos preços pagos aos produtores paranaenses de soja no mês de junho chegou a R$ 58,29 a saca. O valor, de acordo com o último levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), registrou um aumento de R$ 2,96 por saca em relação a média de maio. Em comparação com junho de 2011, a elevação do valor recebido pelos agricultores foi de 45%, com o preço negociado naquele período a R$ 40,10 a saca. No Porto de Paranaguá, a commodity chegou a ser comercializada por R$ 73 a saca essa semana.

Marcelo Garrido, economista do Deral, explica que o preço da commodity está se elevando desde janeiro deste ano, com alguns períodos de estabilidade. ‘‘Começamos o ano com a média de preço pago ao produtor de R$ 42,44. Agora já chegamos na casa dos R$ 50‘‘, completa. Garrido justifica que o aumento é devido à quebra de 30% na primeira safra de grãos no Paraná ocasionada pela estiagem que atingiu não só a agricultura do Estado, mas também toda a produção de grãos da América do Sul. Outro motivo, assegura o economista, foi a redução na área de soja nos Estados Unidos. Lá, eles substituíram a oleaginosa pelo milho. ‘‘A baixa oferta foi um dos principais motivos que resultaram nos valores que temos hoje‘‘, sublinha Garrido.

Com uma área colhida de pouco mais de 290 hectares de soja, o produtor João Francisco, da região de Londrina, ainda não começou a comercializar a sua produção, mas já comemora esse momento de preços elevados. Neste ano, sua produção chegou a 60 sacas por hectare, praticamente o mesmo volume registrado no ciclo anterior. Mas Francisco espera, com o preço da saca beirando a casa dos R$ 60,00, um rendimento bem superior.

De acordo com Alcir Chiari, gerente de comercialização da cooperativa Integrada, os valores atuais são recordes. ‘‘Por causa disso, o agricultor deve aproveitar esse bom momento para vender os seus produtos‘‘, observa. Porém, ele assinala que tais patamares não devem perdurar por muito tempo. Chiari explica que um dos motivos é a desvalorização contínua do câmbio, principalmente nos últimos dias. ‘‘De quinta para sexta-feira dessa semana, o câmbio caiu de R$ 2,10 para R$ 2,02‘‘. Ele estima que as cotações podem cair ainda mais no decorrer das próximas semanas, por conta do clima de incertezas sobre a situação da economia mundial.

Além disso, Chiari explica que as condições desfavoráveis de clima nos Estados Unidos, que passa por um momento de forte estiagem, também pode definir o futuro do preço da commodity. Ele sublinha que se nas próximas semanas a chuva voltar nos campos americanos, a produção não deverá sofrer grandes prejuízos, o que aumentará a oferta de produtos no mercado. Com isso, acrescenta, a soja tende mais para a depreciação.

O último indicador formulado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), aponta que os valores da saca de soja contabilizados no porto de Paranaguá entre os dias 22/06 a 28/06 saltaram de R$ 70 para R$ 73. Em uma área de 4,4 milhões de hectares, a safra atual do Paraná é de uma produção de cerca de 10 milhões de toneladas, 5,3 milhões de toneladas a menos do que na safra 2010/11.
 

 

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