informe o texto

Notícias | Jurídico

País precisa de mais leis contra a corrupção, diz ministro-chefe da CGU

15/06/2012 - 10:40

Chico Maré

O ministro-chefe da Con­­troladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage Sobrinho, defendeu ontem o reforço da legislação anti-corrupção no Brasil. Apesar de reconhecer avanços recentes, como a Lei de Acesso à Informação e a Lei da Ficha Limpa, o ministro avalia que as regras atuais ainda são insuficientes no combate à improbidade administrativa no Brasil. O ministro esteve em Curitiba para participar de seminário sobre os 20 anos da Lei de Impro­bidade Administrativa.

Para Hage, dois projetos de lei que já tramitam no Congresso são urgentes para evitar a impunidade nos casos de corrupção. O primeiro deles é o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com o efeito suspensivo dos recursos especiais e extraordinários (PEC 15/2011) – que correm no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tribunal de Justiça. Hoje, um réu só pode começar a cumprir sua pena depois da sentença transitar em julgado, ou seja, quando se esgotam todas as possibilidades de recurso. Pelo projeto, a sentença em segunda instância já seria suficiente para a prisão de um condenado, mesmo que caibam recursos aos tribunais superiores.

 

Para o ministro, o efeito suspensivo dos recursos favorece a impunidade de réus condenados por corrupção, especialmente os mais ricos. “Isso faria com que nós ganhássemos muito tempo na punição dos corruptos. Hoje, dificilmente você consegue colocar um corrupto na cadeia, sobretudo aqueles que têm recursos para pagar bons escritórios de advocacia. Eles conseguem prolongar o processo indefinidamente para impedir que a sentença transite em julgado”, afirmou.

Outra proposta colocada por Hage como importante é o Projeto de Lei 6826/2010, que pune empresas corruptoras em âmbito cível e administrativo. A lei prevê que a própria empresa que ofereça ou dê propinas e cometa fraude em licitações, por exemplo, seja punida com multa relativa a seu faturamento e reparação dos danos causados aos cofres públicos. As punições são válidas mesmo quando essas empresas cometem ilícitos em contratos com governos estrangeiros.

Segundo Hage, além da importância no combate à corrupção, a aprovação da lei é uma pendência do país para com a convenção da Organização para a Cooperação e De­­­senvolvimento Econô­­mico (OCDE), da qual o Brasil é signatário. O ministro se mostra otimista com a aprovação desse projeto. “Temos esperanças fundadas de que ele seja aprovado ainda neste ano. Tivemos que ceder em algumas medidas, mas é importante ceder os anéis para não perder os dedos”, disse.

Novas leis

Além das legislações que ainda precisam ser aprovadas, Hage destacou o início da vigência da Lei de Acesso à Informação, que passou a valer no último dia 16 de maio. Para o ministro, ao radicalizar a transparência, essa lei deve dificultar atos de corrupção no poder público, uma vez que os agentes estarão muito mais expostos.

Já a Lei da Ficha Limpa foi considerada pelo ministro como uma conquista importante da sociedade brasileira, já que a pressão feita pela população foi determinante para sua aprovação. “É uma lei da maior importância, pois vai impedir a eleição de inúmeras figuras que já se caracterizaram por atos de improbidade e corrupção”, diz.

 

Informe seu email e receba notícias!

Sitevip Internet