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Entrevistas

Odilio Balbinotti: 'fechar escolas é contrassenso; com boas políticas públicas precisaríamos construir menos presídios'

15/12/2024 - 10:11 | Atualizada em 15/12/2024 - 11:37

Odilio Balbinotti Filho preside o Grupo Atto Sementes, com sede em Rondonópolis (MT), com atuação em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Paraná. É responsável por uma das maiores produções individuais de sementes de soja. Filho do ex-deputado paranaense Odilio Balbinotti, o empresário do agronegócio também é conhecido como o maior doador individual para campanhas eleitorais.

Realizou neste ano doações para o PSDB, Pode e DC de Rondonópolis, além de contribuições para os diretórios do PRTB e Novo de Cuiabá. Próximo da extrema direita, foi um dos maiores doadores para a campanha de Jair Bolsonaro em 2022.Em suas redes sociais apresenta-se como 'patriota e defensor das liberdades'.

O empresário formado em Agronomia, natural de Santo Antônio da Platina (PR), já declarou publicamente a intenção de concorrer ao cargo de governador nas eleições de 2026 em Mato Grosso. Afirma ter preferência para filiar-se ao Partido Liberal (PL), partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O desejo de Balbinotti contrapõe-se ao do presidente estadual do PL, senador Wellington Fagundes, que há anos prepara-se para disputar o cargo de governador.

O Caldeirão Político publica hoje entrevista com o empresário e busca lançar luz sobre seu posicionamento em relação a diversos temas de interesse dos mato-grossenses, como meio ambiente, segurança pública e saúde.

CP - Qual é o maior problema do governo Mauro Mendes?

Odilio - Acredito que esteja com uma boa aprovação, tem entregue obras importantes de infraestrutura, mas sempre tem muitas coisas a serem feitas, no meu pensamento coisas ligadas ao cotidiano do pagador de imposto, um exemplo é a elevada carga tributária que leva a um custo de vida alto, na saúde ainda as pessoas precisam encarar filas em muitas regiões do estado, o avanço do crime organizado em nosso estado também é um grande desafio, aproveitar os potenciais turísticos, e potencializar a realização de obras estruturantes com o objetivo de integrar o estado.

CP - A segurança vem sendo um dos desafios não resolvidos pela atual gestão. Qual é a saída? 

Odilio - Compreender a magnitude da violência que assola o nosso estado e a sua origem é primordial para que se torne possível atacar o cerne do problema da segurança pública, e não somente operações pontuais de cunho midiático. A corrupção no Sistema Prisional no estado, quem vem se tornando explicito nas últimas semanas, o crime organizado através das facções criminosas cada vez mais vem ganhando espaço e forca dentro de mato grosso. 

Portanto, de forma a melhorar o sistema de segurança pública, faz-se necessário que o governo invista na infraestrutura das escolas, bairros carentes e penitenciárias e na qualidade da educação do ensino público. Ademais, é primordial que os estímulos concedidos aos agentes da segurança pública sejam ampliados e melhorados, objetivando a formação sólida de policiais altruístas e bem treinados, que possam agir de forma contundente e inteligente contra a criminalidade. Só assim será possível promover melhoras nesse sistema, priorizando a integridade de todos e a segurança da nossa população. Parafraseando  Marthin Luther King: "Toda hora é hora de fazer o que é certo", ou seja, antes tarde do que nunca; Tal afirmativa se adequa a atualidade, pois é evidente que o estado de mato grosso sofre com a falta de segurança em alguns municípios , neste caso cito SORRISO no norte do estado, onde os números de crimes dolosos contra a vida são alarmantes.  

CP - O caos na educação e saúde é presente. Qual é a solução de curto e longo prazo?

Odilio - Não diria que temos um caos na educação, acho que estamos melhorando, mas podemos intensificar esse trabalho, quanto a saúde um dos caminhos é o de fortalecer parcerias com hospitais privados filantrópicos que trabalhem com média e alta complexidade, por algum motivo o estado está tentando resolver tudo sozinho com hospitais estaduais e isso leva a essa letargia na saúde.

CP - Como futuro candidato, qual é sua visão e proposta para a área ambiental?

Odilio - Meio ambiente é uma questão fundamental para uma sociedade sustentável, nosso código florestal é um dos mais restritivos do mundo e precisamos garantir que ele seja cumprido. Também precisamos de consciência ambiental nas cidades, acredito que esse tema precisa ser debatido nas escolas e com os cidadãos, hoje vemos que as cidades tem graves problemas ambientais exatamente por falta de conscientização.

CP - O Sr. é a favor da aprovação da PEC do Veneno, que se encontra no Congresso?

Odilio - Sou totalmente a favor do eixo principal da PEC dos pesticidas, que visa dar celeridade na aprovação de moléculas mais modernas, mais seguras para as pessoas e para o meio ambientalmente. Nossa agricultura é considerada a mais moderna do mundo, utilizamos os melhores fertilizantes, sementes e máquinas, mas infelizmente no caso dos pesticidas temos um preconceito que atrapalha muito. O agricultor é obrigado a utilizar produtos que já são superados em outros países por falta de celeridade na análise e aprovação de novas moléculas, agora é natural que haja uma discussão aprofundada para que o projeto sai com a melhor redação possível.

CP - A humanização é essencial em todos os segmentos, principalmente na gestão pública. Falta isso na gestão do governo estadual?

Odilio - Humanização é fundamental na gestão pública, quem olha para as pessoas acaba cuidando melhor do dinheiro e dos serviços públicos, do outro lado tem o pagador de impostos que é uma pessoa com diversos problemas que precisam ser resolvidos com o dinheiro que o estado arrecada, acho a humanização fundamental para termos uma melhor gestão pública e acho que tudo pode ser melhorado.

CP - O Sr. é favorável a fechamentos de escolas no estado?
Odilio - Desconheço o assunto.

CP - Temos ainda alguns problemas de logística no estado. Qual é a solução para facilitar os escoamentos da produção agrícola?

Odilio - Sempre teremos desafios logísticos, felizmente a produção agrícola e mineral vem se ampliando em nosso estado, portanto precisamos pensar em obras estruturantes para médio e longo prazo, senão teremos sérios problemas. Precisamos integrar o estado com asfaltos que liguem as regiões mais distantes aos eixos rodoviários e ferroviários, também precisamos desenvolver o transporte fluvial. A Ferrogrão também é uma obra essencial para evitar o estrangulamento logístico, ou seja, obras de infraestruturas sempre serão importantes para o desenvolvimento do nosso estado.

CP - Na segurança pública, Mato Grosso tem diversos casos de doença mental nas corporações da PM e Polícia Civil. Qual é sua visão e propostas para prevenção e tratamento desses policiais? 

Odilio - Podemos utilizar como intervenção em prol da saúde mental Programas de Resiliência: implementação de programas que promovam a resiliência emocional, proporcionando aos policiais ferramentas para lidar com o estresse, programas que ajudam na compreensão de como o policial lida com suas emoções. No que tange à seleção é preciso descrever com mais detalhes as competências emocionais importantes para esses profissionais, tais como inteligência emocional e autoeficácia. 

Outra importante estratégia de apoio é o Acesso a Serviços de Saúde Mental: visando  garantir que os profissionais da segurança pública tenham fácil acesso a serviços de saúde mental oferecido pelo estado. 

CP - Temos problemas e alguns conflitos em relação a terras indígenas, garimpos ilegais. Qual sua solução para isso?

Odilio - Tudo que é ilegal deve ser coibido, garimpos ilegais devem ser combatidos utilizando as leis existentes.

CP - Um segmento da classe política reclama da judicialização da política pelo judiciário (STF). Só que o Congresso não faz sua parte e acaba atrapalhando os estados.  Como o Sr. vê essa situação?

Odilio - Vejo que precisamos nos atentar à Constituição e cada poder ficar dentro de suas atribuições, a democracia tem seus problemas, mas ainda é a melhor forma de governo e em pesquisa recente tem aprovação de mais de 80% da população, quando algumas instituições se agigantam e invadem atribuições como no caso do STF sobre o Congresso, temos desgastes desnecessários que só atrapalham o avanço do nosso país, e não ajudam a população que espera que seus representantes legais, os congressistas trabalhem dando respostas a sociedade.

CP - O Sr. é favorável às emendas parlamentares federais e estaduais? Elas não têm que ser mais transparentes?

Odilio - Em princípio, acho que o foco do legislador deveria ser legislar, acredito que a execução orçamentaria tem que ser feita pelo executivo, mas tendo emendas a transparência na aplicação é fundamental.

O país é rico culturalmente. Mato Grosso ficou estagnado nesse setor. Qual é sua proposta para o setor?

Acredito que precisaríamos mapear todas as iniciativas culturais como o folclore, música, artesanato, gastronomia e de posse dessas informações ter iniciativas de apoio e fomento por parte do estado.

CP - Todos os governadores reclamam da economia, mas concedem milhões em incentivos fiscais. O Sr. é favorável aos incentivos fiscais? Isso ajuda aumentar a receita?

Odilio - Acredito que com menos impostos a economia floresce, o poder de compra das pessoas aumenta e ela consome mais, com isso criamos um ciclo virtuoso onde todos ganham, empresas ganham competitividade e a população mais empregos e um poder aquisitivo melhor. Incentivos fiscais nem seriam necessários se tivéssemos impostos baixos.

CP - Qual sua opinião sobre fechar escolas e construir presídios? O atual gestor preferiu fechar escolas premiadas para construir presídios.

Odilio - Desconheço o que o estado fez nos últimos anos, mas me parece um contrassenso, penso que políticas públicas são uma ferramenta imprescindível para redução da criminalidade, com boas políticas públicas precisaríamos construir menos presídios.
 

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